Imagem capturada na Internet
Fonte: Find a Grave
Há muito tempo estou para
publicar vários fatos conexos no âmbito das “mazelas do mundo virtual”. Não
resta dúvida que a Internet consiste em uma fundamental ferramenta no mundo
atual, globalizado, onde – sobretudo - a informação e o conhecimento andam
juntos sob um simples manejo do mouse.
A Internet revolucionou na maneira pela
qual é fornecida e alcançamos a informação. Embora, com algumas barreiras
socioeconômicas em termos de acesso, entre os diversos países do mundo, esta se
mostra aberta e democrática. E é por isso que a sociedade moderna é denominada
de “Sociedade da Informação ou do Conhecimento”, tal qual a Revolução
Técnico-Científica imprimiu em termos de inovação tecnológica, sobretudo, na área da Comunicação, entre tantas
outras.
Além dos aspectos associados à
construção do conhecimento, quer seja de forma autônoma quer seja de forma
orientada, por meio da Internet, a divulgação, a mobilização, a publicidade, a
interatividade, os casos de denúncias e etc. tornaram-se bem mais simples e
ágeis no mundo conectado. Ainda mais, quando se fala na dimensão e alcance das
redes sociais.
No entanto, do mesmo jeito que a
Internet facilitou e trouxe benefícios à sociedade em geral, ela – em função do
seu uso inadequado por pessoas inescrupulosas ou por simples brincadeira de mau
gosto – promoveu e acarretou diversas situações negativas, reforçando valores e
atividades antiéticos, imorais, de banalização à vida, de individualismo, de
exibicionismo, para prática de ato ilegais e criminosos, entre outros da mesma
categoria.
De uma maneira geral, o público
infanto-juvenil (crianças e adolescentes) é o mais vulnerável a essas
situações, não fugindo à regra, outras faixas etárias. E, na condição de vítima
e mediante a forma como cada um reage, as consequências podem ser desastrosas,
inclusive, podendo os levar a atitudes radicais, como - por exemplo – fuga de
casa e até o suicídio.
Imagem capturada na Internet
Fonte: Find a Grave
No dia 06 de novembro, Megan
Taylor Meier completaria 24 anos, se estivesse viva... Sua história comoveu o
mundo todo e serve de alerta para muitos jovens, tanto para aqueles que são
vítimas quanto aos agem como agressores e, até mesmo, para os que apresentam comportamento
de indiferença diante das práticas de Bullying
em seu ambiente de convivência.
Megan Meier nasceu na
cidade de Dardenne Prairie, Missouri (EUA), no dia 06 de novembro de 1992. Sua
morte prematura foi acometida por ela mesmo, ou seja, por suicídio e por
enforcamento, no dia 17 de outubro de 2006, quando só tinha 13 anos (ela
completaria 14 anos no início do mês seguinte).
O que esse fato tem a ver com a
chamada do meu artigo? Tudo! Pois, ele agrega as novas tecnologias de
informação e comunicação (TICs), como o Computador (PC), a Internet, a
interatividade em uma rede social (neste caso específico, a MySpace) e, ainda,
a prática de Bullying virtual (Cyberbullying),
sob um perfil falso, criado justamente para atrair, seduzir e conquistar a
confiança da vítima, uma adolescente de apenas 13 anos de idade.
Resultado desta rede perversa de
relacionamento e de interatividade, criada e mantida de forma intencional para
atingir a vítima, Megan Meier, foi o suicídio da jovem acometido em um momento de
desespero emocional, dentro de casa.
“A
palavra suicídio (etimologicamente sui = si mesmo; -caedes = ação de matar)
foi
utilizada pela primeira vez por Desfontaines, em 1737
e significa morte intencional auto-inflingida,
isto é,
quando
a pessoa, por desejo de escapar de uma situação de sofrimento intenso,
decide
tirar sua própria vida”.
Tudo começou quando o jovem Josh
Evans, 16 anos, adicionou Megan Meier por meio do MySpace e, após o seu aceite, ambos iniciaram um forte
relacionamento que resultaria na crença – por parte dela – de estar sendo
correspondida em termos de uma relação amorosa.
No entanto, todo o envolvimento
iniciado e mantido entre Megan e Josh era apenas online. Nunca houve um encontro presencial de ambos. Com a desculpa
de ter se mudado recentemente para uma cidade vizinha, ele alegou não
ter telefone ainda, a fim de evitar a escuta de sua voz, já que ele era uma grande
farsa. Josh Evans, na verdade, nunca existiu!
E aí é que reside um dos
problemas comuns no mundo virtual, a criação de perfis falsos e a consolidação
de práticas dolosas em detrimento à ingenuidade de muitos jovens, internautas,
que se tornam vítimas em potencial.
No caso da jovem Megan Meier, a
crueldade foi mais grave, porque foi intencional. Foi uma estratégia utilizada
por uma determinada pessoa, direcionada à própria Megan, cujos objetivos tinham
por base a vingança, enganando-a com o assédio e a conquista protagonizado por um
jovem bonito na Internet. O passo seguinte era fazê-la sofrer com a rejeição do
mesmo e com as diversas ofensas e humilhações travadas durante as trocas de
mensagens.
Pois bem, a jovem Megan Meier foi
facilmente iludida porque já apresentava uma baixa autoestima devido ao fato de
que – por muitos anos – lutou contra a balança e sofria de depressão, da qual se tratava com medicamentos.
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Fonte: Find a Grave
Por ser gordinha, ela sofria muito Bullying
na escola. Seus pais até a transferiram de unidade escolar a fim de ver se as
piadinhas acabavam.
Aos 13 anos de idade, Megan Meier
já havia emagrecido muito (cerca de 10 Kg) e, inclusive, praticava atividades
esportivas, como o vôlei no time da escola. Mas, apesar destas mudanças, sua
autoestima ainda era frágil, instável.
O fato do seu contato com o jovem
Josh Evans ser online facilitou a sua
interação e desenvoltura com a nova amizade no MySpace. Além disso, ele mesmo a
elogiava sempre, enaltecendo a sua beleza e muito mais. Com isso, conversar com
ele sempre a fazia feliz.
Por semanas, o relacionamento
deles foi alimentado assim...
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Fonte: Find a Grave
Porém, no dia 15 de outubro de
2006, tudo começou a mudar e o sonho de Megan Meier apresentou as primeiras
rachaduras antes de desabar por inteiro e, junto, levar a sua autoestima tão
frágil para o nível mais baixo...
Neste mesmo dia, Josh
Evan a abordou mal na rede social, alegando não querer ser mais seu amigo,
pois havia ouvido que ela era uma pessoa que tratava mal as suas amizades.
Curiosamente, Megan Meier havia acabado sua amizade com Sarah Drew, devido às constantes
brigas entre elas. E essa ex-amiga morava próximo a sua residência.
No dia seguinte (16/10), ao retornar da
escola e acessar o MySpace, em busca de novas mensagens do Josh, ela se deparou
com mensagens mais duras e, para piorar, vários comentários e mensagens de outros usuários com
ofensas diretas, a chamando de “vagabunda” e “gorda” na rede social.
Sua mãe, Tina Meier, percebendo o
choro e o estado da filha, ao telefone, a recomendou a sair do MySpace e
desligar o computador. Só que Megan continuou lendo as diversas mensagens
ofensivas contra ela.
Mas, para que já tinha uma baixa
autoestima e estava passando por uma grande decepção, como ela estava, as
últimas mensagens que recebeu de Josh Evans foram arrasadoras. Elas foram
feitas via AOL Instant Messenger,
em vez do Myspace. Além dele proferir que ”todos sabem
quem você é. Você é má e todos te odeiam. Tenha uma porcaria de vida”, no
final, ele disse: “O mundo será um lugar melhor sem você".
Seus pais já estavam em casa,
quando Megan Meier foi para o seu quarto e lá ficou com a porta fechada. Minutos
depois, ela cometeu suicídio por enforcamento (usando um cinto) dentro do closet do seu quarto. Ela só tinha 13 anos e, dali a três semanas, seria o seu aniversário (14 anos).
Paramédicos foram chamados e
fizeram todos os procedimentos para revivê-la, mas sem sucesso. Megan Meier
foi declarada morta no dia 17
de outubro.
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Fonte: Find a Grave
Ela se matou acreditando que o
jovem que conhecera em uma rede social e que, inicialmente, demonstrou enorme
carinho por ela, o mesmo que, posteriormente, passou a desprezá-la e a
insultá-la veemente, existia de verdade.
Após a tragédia, os pais da jovem
procuraram o perfil de Josh Evans no MySpace, mas este não mais constava, pois havia sido deletado.
Seis semanas depois de sua morte,
os pais de Megan Meier descobriram – através de uma vizinha da rua - que Josh
Evans jamais existiu. Que tudo fez parte de uma "brincadeira de mal gosto" de
Lori Drew, 49 anos, mãe de Sarah Drew, a ex-amiga da Megan.
Sarah e Lori Drew (filha, ao fundo e mãe)
Imagem capturada na Internet
Fonte: Technology
Crédito: Nick Ut/Associated Press
Isso mesmo, foi um perfil falso,
criado com a única intenção de vingança por Lori Drew e de conhecimento de toda
a sua família, inclusive, a filha. A família morava a quatro casas de distância
da família de Megan Meier.
Lori Drew não agiu sozinha, ela teve ajuda de sua
filha Sarah e de sua empregada, Ashley Grills, de 18 anos.
A vizinha ainda revelou que, no dia do suicídio de Megan Meier, Lori Drew havia ligado para a
filha dela pedindo que ficasse de "boca fechada" sobre o perfil falso
de Josh Evans no MySpace.
Lori Drew sabia muito da vida da
jovem, pois esta e sua filha eram muito amigas, ao ponto de viajarem juntos de férias
em família. Por isso, ela sabia que a Megan Meier tomava antidepressivos, assim
como tinha uma página no MySpace.
Pouco antes da morte da jovem, Lori Drew pediu aos pais de Megan Meier para guardar, na garagem de sua
casa, o presente de Natal de seus filhos (uma mesa de pebolim). Os pais de
Megan concordaram e assim o fizeram.
No entanto, após descobrirem a
farsa toda e a autoria da mesma, eles destruíram a mesa de pebolim e jogaram os "pedaços" na
porta da casa da família Drew.
Lori Drew ameaçou e apresentou
queixa na polícia sobre a destruição do presente de Natal de seus filhos. Mas,
ela foi também solicitada a responder sobre o caso do suicídio de Megan Meier,
já que os pais da jovem já haviam a denunciado à polícia.
De acordo com a própria e, os registros nos arquivos da polícia local, sua intenção - com a criação do
perfil falso de Josh Evans - era conquistar a confiança de Megan Meier e
descobrir o que ela sentia por sua filha.
E ela chegou a dizer que achava que
a sua brincadeira acabou influenciando a sua atitude em se suicidar, mas que não
se sentia tão "culpada", porque descobriu – durante o funeral - que a
jovem já havia tentado suicídio, em outra ocasião.
A mãe de Megan disse que ela mencionou
suicídio algumas vezes, mas jamais havia tentado contra a sua própria vida. E, além desse
fato, ninguém que a conhecia, incluindo o seu médico psiquiatra, a considerava
como uma pessoa potencialmente suicida.
O fato é que a impunidade
atribuída ao caso de Megan Meier revoltou muita gente e mobilizou as mídias em
termos de protestos às autoridades do condado de St. Charles que decidiram não
apresentar uma acusação criminal contra Loris Drew. Segundo os mesmos não houve
nada ilegal, mesmo admitindo a crueldade do feito.
Apesar de Lori Drew ter sido
indiciada pelos seus atos em 2008 e obtido absolvição no ano seguinte, ela sofreu muitos assédios e provocações verbais pela população. Sua casa sofreu atos de vandalismo e, em decorrência da repercussão negativa de conduta, ela se viu obrigada a se mudar de bairro.
Todavia, o caso
de Megan Meier não foi encerrado, fazendo com que várias jurisdições se mobilizassem e criassem leis
de combate ao Cyberbullying.
Em resposta a esses fatos, a
Câmara de Vereadores da cidade de Dardenne Prairie aprovou um Decreto, em 22 de novembro de 2007, que torna qualquer tipo de
assédio - por meio eletrônico, incluindo a Internet, serviços de mensagens de
texto, pagers e dispositivos
semelhantes – a ser tratado como delito, com multas de até US $ 500 e até 90
dias de prisão.
Outras cidades e estados dos EUA também
aprovaram leis de assédio, algumas mais abrangentes (Cyberbullying e Cyberstalking)
em resposta ao caso de Megan.
Tina
Meier, mãe Megan, criou a Fundação
Megan Meier (em inglês, Megan Meier Foundation), com sede em Chesterfield, Missouri (EUA), cuja missão é “apoiar e
inspirar ações para acabar com Bullying, Cyberbullying e suicídio”. Clique AQUI para acessar a referida Fundação.
Fontes de Consulta:
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