Imagem capturada na Internet
Fonte: Pixabay
Como professora,
regente da rede pública do Rio de Janeiro, considero
descabido e insensato – estando em plena Pandemia
Global - a volta às aulas presenciais
nas Unidades Escolares, tanto na rede pública quanto na rede privada de ensino.
A Prefeitura
da Cidade do Rio de Janeiro, sob a gestão do Prefeito Marcelo
Crivella, anunciou que as aulas presenciais das escolas
particulares irão retornar
a partir do dia 3 de agosto, sendo facultativo aos responsáveis dos alunos, aos
professores e aos funcionários das escolas.
Como se essa “opção” de conceder o
direito de decisão, individualmente, a estes últimos, professor e funcionário da
rede privada, fosse algo que funcionasse, em total acordo entre as partes.
Os riscos prévios de demissão já
impõem - como única decisão – o regresso forçado. Mesmo sob garantias da Prefeitura.
De acordo com a Prefeitura do
Rio, inicialmente, o retorno às aulas
da rede privada ocorrerá com as turmas do
4º, 5º, 8º e 9º anos, podendo estender a
outras séries ou não, após constatar os reais impactos
nos transportes e os indicadores do
contágio do Novo Coronavírus e da doença
Covid-19 no município.
Quanto à rede pública de ensino, a orientação da
Prefeitura do Rio é que as equipes gestoras, ou seja, Diretor Geral, Diretor Adjunto e Coordenador Pedagógico retornem
na mesma data, dia 03 de agosto, a princípio, para uma avaliação do espaço físico da escola, bem como
sua limpeza e preparação para uma possível volta às aulas
na rede municipal.
Não restam dúvidas que não é momento
de pensarmos em retorno às aulas presenciais, mesmo sob a forma experimental.
Estamos em plena pandemia global
e o número de casos confirmados do Novo Coronavírus, no Brasil, continua
aumentando, assim como o dos óbitos pela Covid-19.
De acordo com os últimos dados do
Ministério de Saúde (22/07), o número
de casos confirmados com Covid-19, no
país, é da ordem de 2.227.514, tendo 82.771 de óbitos
por conta da doença. Enquanto, cerca de 3.800 mortes
se encontram em fase de investigação.
Embora, as estatísticas mostrem
que 1.532.138 pessoas se recuperaram da Covid-19, o balanço
diário do Ministério de Saúde aponta que o número de mortes é ainda muito alto, o que
significa que não podemos afrouxar o isolamento e o distanciamento social.
O próprio Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação
(SEPE/RJ) mantém sua posição
contrária a esta decisão do governo municipal.
O retorno
parcial das aulas presenciais,
na rede privada de ensino, vai ser um
grande erro. A alegação do prefeito
Marcelo Crivella é que esse retorno nas escolas particulares servirá também de
teste para a sua implantação na rede pública de ensino do município.
Além da situação caótica em que
vivemos no âmbito da Pandemia do Novo Coronavírus, vale ressaltar que as realidades
de ambas as redes (privada e pública) são totalmente distintas, seja quanto à logística do espaço físico, o número de alunos por turmas, do capital disponível a investir na segurança sanitária,
a quantidade de recursos humanos,
entre os professores e profissionais de apoio, entre outros aspectos.
Em termos comparativos, essa medida
não servirá de base, pelo menos, na minha análise pessoal...
Independente desta falta de coerência
ou da iniciativa de testagem quanto ao retorno das atividades presenciais nas
escolas, a grande maioria das autoridades na
área da Saúde e de Instituições de Pesquisas consideram prematura esta decisão.
Até mesmo a rede estadual de
ensino é contrária a esta medida, por enquanto...
Quem nunca trabalhou em um ambiente escolar não tem a mínima noção dos
riscos em que os alunos ficam expostos com a reabertura
das escolas e com o retorno das práticas
pedagógicas em meio à pandemia global.
As dificuldades operacionais são
inúmeras, acrescidas por todas estas mencionadas acima e por outras, derivadas
da conjuntura atual dos riscos de mortes devido à propagação do Novo
Coronavírus no espaço escolar.
Em geral, na rede pública de
ensino, as turmas possuem um elevado número de
alunos. Fazer rodízio de aluno - vai comprometer do mesmo jeito – o planejamento
anual e, ao meu ver, não é a solução.
Muitos professores compõem
o quadro do Grupo de Risco, seja por causa
da idade seja por ser portador de alguma doença
crônica, como hipertensão,
diabetes e asma, por exemplos.
De acordo com o artigo da RevistaVeja Saúde, outras doenças estão
sendo consideradas, no âmbito das causas de
morte pela Covid-19 ou por agravamento
do quadro do paciente infectado, como a doença
renal crônica, a imunodepressão (como o lúpus
e câncer) e a obesidade.
E, sob este contexto, fica o meu outro questionamento...
Com tantos profissionais de
Educação pertencente ao Grupo de Risco e, consequentemente, as licenças médicas
em vigência, como as lacunas no quadro de
horário dos professores e de outros profissionais vão ser preenchidas?
Sabemos que há um déficit muito grande de professores e de profissionais de
apoio e do administrativo. Insisto na pergunta, como isso vai ser sanado?
No tempo vago, em face a ausência
do professor que está licenciado por ser do Grupo de Risco, os alunos deverão
permanecer em sala de aula? Ou deverão ficar no pátio, correndo e brincando com
os colegas? Pois isso irá acontecer, com certeza!
Os alunos, sobretudo, os de anos iniciais,
não conseguem se manter entretidos com alguma coisa por muito tempo, ainda mais
se essa “coisa” não significa divertimento.
Além disso, muitos alunos e até profissionais da Educação podem assumir o papel de vetor do Novo Coronavírus, alastrando
a doença para outras pessoas e para os seus familiares, entre os quais há muitos
pertencentes do Grupo de Risco.
Não há o que
questionar, este não é o momento de pensarmos em retorno às aulas!
Eu sei que a situação é muito
complexa. Eu tenho uma filha universitária e, graças a Deus, ela é bem consciente
e informada quanto a gravidade do momento em que estamos vivendo, com a
Pandemia Global.
Mas, se ela fosse menor de idade,
eu posso assegurar que não iria deixá-la retornar às aulas. Preservar a sua vida
está e sempre esteve em minhas prioridades.
Os riscos para a Prefeitura
do Rio são igualmente altos e preocupantes,
pois o aumento do número de infectados pelo Novo Coronavírus e de óbitos devido a Covid-19,
indubitavelmente, irá provocar novo impacto
social e econômico. Muito embora, a crise - iniciada em março deste
ano - permaneça até hoje...
Mas, se pensarmos que, aos poucos,
houve a liberação e a reabertura do comércio e de alguns serviços pelas
três instâncias de Governo (federal, estadual e municipal), o processo reverso pode acontecer, obrigando a uma nova interrupção e suspensão integral de todas
as atividades econômicas.
Acredito que nem a Prefeitura e nem
o Estado pensam em um retrocesso deste tipo no momento!
Recomendo a leitura do artigo, Documento da Fiocruz considera prematuro retorno às
atividades escolares. Para acessá-lo, clique AQUI!
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