domingo, 26 de julho de 2020

Temor no Sul do Brasil: Os Riscos de Perdas nas Lavouras e Pastagens

Nuvem de Gafanhotos
Imagem capturada na Internet

Esta não é a primeira vez que as autoridades brasileiras enfrentam situação semelhante. Neste ano, desde maio, as atenções se voltaram para as reais ameaças, principalmente, em muitos países da América do Sul e, entre estes, o Brasil.

No entanto, a sua dimensão e gravidade aumentou na 5ª feira passada, dia 23/07, após uma mudança na direção dos ventos, o que colocou as lavouras da região Sul do nosso país, sobretudo, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina sob sérias ameaças e riscos de perda parcial ou total da produção agrícola.

Trata-se da nuvem de gafanhotos que se encontra em território argentino, devastando diversas lavouras (laranjas, limões, cana-de-açúcar, mandioca e etc.) e que vem se aproximando da fronteira do referido país com o Brasil.  

Se antes, as autoridades não estavam muito preocupadas, agora, o nível de apreensão se elevou ao ponto do governo, em diferentes instâncias, se organizar e preparar quanto a um possível combate à referida praga.  

Na verdade, atualmente, na América do Sultrês nuvens de gafanhotos e os estragos não são poucos, o que eleva a preocupação dos países envolvidos e também daqueles que correm risco da migração do enxame, como é o nosso caso. Há duas nuvens na Argentina, enquanto que no Paraguai há uma.

Inicialmente, os gafanhotos se agruparam e formaram uma nuvem, no Paraguai, no final do mês de maio. Posteriormente, a nuvem se deslocou e entrou em território argentino.

Imagem capturada na Internet
Fonte: G1 - AGRO


O grande enxame e sua agressividade mediante a grande população de gafanhotos causaram enormes prejuízos econômicos aos agricultores locais, tanto no Paraguai quanto na Argentina.

A preocupação das autoridades brasileiras é com uma das nuvens que se encontra na região Norte da Argentina e que está se deslocando em direção à região fronteiriça do nosso país.

Embora, as mídias afirmem que o governo argentino tenha eliminado 1/3 da nuvem de gafanhotos, na região, por meio da pulverização de agrotóxicos, as autoridades brasileiras mantêm o monitoramento do seu deslocamento.  

Segundo especialistas (G1- RS),
“A nuvem que ameaça chegar ao Brasil 
é 10 vezes maior, ou seja, 
tem potencial para devorar 
o que 20 mil vacas comeriam por dia.”

O combate terrestre na Argentina está sendo feito com aplicação (pulverização) de inseticidas, método que também deverá ser empregado, em nosso país. Além da pulverização dos agrotóxicos por via terrestre, o Brasil deverá fazer por via aérea (aviões).

Mas, é sabido que a aplicação dos agrotóxicos causa diversos danos ambientais, mas conforme os especialistas alegam, o emprego de agrotóxicos (pesticidas ou inseticidas) é a única forma eficaz e rápida de combater as pragas.  Emergencialmente, não haveria outro jeito.   

Sendo assim e mediante a esta possibilidade de migração do enxame de gafanhotos para o nosso país, o Ministério da Agricultura decretou situação de emergência fitossanitária, o que liberou a aplicação de agrotóxicos (pesticidas ou inseticidas), até então, proibidos no país.

“É um ato bastante extremo,
pois também mata as abelhas e todos
os demais inimigos naturais dos gafanhotos,
mas acaba sendo a única maneira de reduzir
a nuvem de maneira rápida”
(Karin Collier – Repórter Brasil)

Provenientes da região do Chaco (Paraguai), os gafanhotos – em questão - são da espécie Schistocerca cancellata, chamados, popularmente, de gafanhotos sudamericanos.

Gafanhoto Sudamericano (Schistocerca cancellata)
Imagem capturada na Internet

Embora, as imagens e os vídeos divulgados nas mídias - provoquem certo pavor, os gafanhotos não causam danos ao homem, sendo apenas os responsáveis pela grande destruição e perdas na agricultura. Em grupos, como em enormes enxames (nuvens), lavouras inteiras podem ser arrasadas, perdidas, causando grandes prejuízos econômicos ao agricultor.


Os gafanhotos se alimentam de folhas de diferentes tipos de plantas, mas preferem as folhas bem verdes, principalmente, as de cultura de trigo, de milho, de soja, de pastagens, entre outras.

De acordo com as fontes de pesquisa, essas nuvens chegam a possuir aproximadamente 400 milhões de gafanhotos, o que equivale a uma área de cerca de 10 km2. Daí a necessidade de monitorá-los e combatê-los tão logo cheguem ao território.

Por isso é de suma importância que ao avistar o enxame de gafanhotos, a pessoa deve comunicar o fato, imediatamente, às autoridades competentes.

Mas, quem pensa que basta monitorar o enxame (a nuvem de gafanhotos) e combater com a aplicação de inseticida, não se engane, pois não é tão simples assim...

De acordo com a matéria de Henrique Fabrício Plácido (Lavoura 10), para o trabalho de controle dos enxames de gafanhotos, os especialistas e as autoridades junto com o agricultor precisam seguir certos procedimentos importantes em face das duas frentes de combate que irão trabalhar.
  
Uma delas é a de controle da nuvem e a outra de controle das novas gerações. Isso mesmo, controle das novas gerações de gafanhotos!

Além dos prejuízos causados pela necessidade de se alimentar no local de pouso, as gafanhotos fêmeas podem depositar de 80 a 100 ovos no solo. E essa questão dos ovos depositados no solo representa outro problema, subsequente.

Para a Frente de controle da nuvem é preciso que se realize o monitoramento do enxame, acompanhando o seu deslocamento e, também, que se faça a demarcação dos locais do pouso. Ambos devem ser acompanhados pelos Órgãos governamentais competentes.

A identificação e demarcação dos locais de pouso possibilitará a determinação da forma de aplicação de inseticidas, já que a pulverização nestes – dependendo das condições físicas locais (área florestal, residencial, lavouras etc.) – podem ser por via terrestre (com equipamento manual ou motorizado) ou por via aérea (aviões).

Quanto aos agrotóxicos mais indicados no combate ao gafanhoto sudamericano (Schistocerca cancellata), os mais empregados são a Cipermetrina, o Tiametoxam e o Fipronil. No entanto, os efeitos nocivos desses três agrotóxicos no meio ambiente e na cadeia alimentar é algo assustador, sendo letais – por exemplo - para os polinizadores, como as abelhas, sobretudo, este último, o Fipronil. Este também foi o responsável pelos ovos contaminados na Europa (Holanda, Alemanha, Reino Unido e França), em 2017.

Aplicação de Agrotóxicos... Eis uma grande polêmica!

Quanto à frente de Controle de novas gerações, recomenda-se que, após a demarcação do local de oviposição (deposição das vagens de ovos), o acompanhamento deve ser contínuo até o seu rompimento e a saída dos indivíduos, tendo a atenção de determinar o trajeto que irão percorrer e as dimensões da área tratada.

Isso nos remete a outra característica peculiar destes insetos, que é a alta taxa de reprodução, pois levando-se em conta que cada fêmea pode realizar até 6 posturas durante sua vida, o aumento da população destes e sua infestação em outras localidades estão certos em acontecer.

Mas o país demonstra estar preparado para enfrentar e controlar o enxame e, por isso, as autoridades competentes dos Órgãos ligados à Agricultura e à Pecuária (atividades rurais), sobretudo, da região Sul, se mantêm em estado de alerta quanto aos riscos da entrada dos gafanhotos em nosso território.

Mas, qual seria a razão da formação de grandes enxames, como estas nuvens de gafanhotos?

Segundo muitos especialistas, a formação desses novos enxames migratórios – sob a forma de grandes nuvens de gafanhotos – tem a ver com o desequilíbrio do meio ambiente, sendo considerado o desmatamento a sua causa principal. Além, de acabar com as fontes de alimento dos gafanhotos, com o desmatamento há também uma redução dos seus predadores naturais, como por exemplos, os pássaros e os roedores.

Não esquecendo ainda uso de agrotóxicos no espaço rural, cujos efeitos nocivos também afetam direta e/ou indiretamente os predadores naturais e outras espécies da fauna.

As condições climáticas também são levadas em consideração, pois o clima mais quente também facilita o seu deslocamento e a sua reprodução.

Quando mencionam as monoculturas, estas – na verdade – são as mais atacadas pelas pragas agrícolas, com perdas significativas, pois envolvem grandes propriedades rurais, com o cultivo de um só tipo de produto (alimento), constituindo assim, uma vasta área de alimento para esses insetos (gafanhotos). O que acarreta grande prejuízo ao agricultor.

É, por isso, que a técnica da policultura – cultivo de dois ou mais produtos agrícolas – é o mais recomendável.

Quanto às condições climáticas, os especialistas e agricultores estão com esperanças que a nuvem de gafanhotos demore, alguns dias, a chegar em nosso território, pois há previsão de queda das temperaturas no Sul do Brasil, o que consequentemente poderá barrar o deslocamento da mesma, mantendo os insetos em território argentino.

Para quem desconhece, na região Sul já houve ocorrência de outros eventos de infestação de gafanhotos, nas lavouras, sobretudo, na década de 40 (1947/48), do século passado. Mas, há registros mais antigos, datado do início do mesmo século, em 1906, tal como foi registrado pelo Jornal do Commercio de Joinville, em 23 de junho de 1906

Imagem capturada na Internet
Jornal do Commercio de Joinville (23 de junho de 1906)
Fonte: Jornal Retro

Não resta dúvida que estamos correndo, mais uma vez, o risco de um ataque de praga agrícola.  Além da nuvem de gafanhotos, as novas gerações desenvolvidas durante o seu pouso no solo devem ser combatidas de forma eficaz. Daí ser importante manter o monitoramento do seu deslocamento e entrada em nosso território, a fim de não perder lavouras inteiras, áreas de pastagens e ter grandes prejuízos econômicos.

Segundo especialistas da área, independentemente de haver ou a invasão da nuvem de gafanhotos, o Brasil já está preparado para o enfrentamento a partir de medidas de contenção da praga.

Fontes de Consulta:

. Gafanhotos: tentativa de pulverização terrestre teve pouca efetividade – Canal Rural

. Mudança do vento deixa nuvem de gafanhotos a 90 km da fronteira do Brasil – G1/RioGrande do Sul

. Nuvem de gafanhotos: governo alerta ao risco de surto da praga – Portal Redenotícias

. Nuvem de gafanhotos: praga ainda pouco conhecida exige monitoramento e preocupa autoridades no Brasil – G1/AGRO

. Nuvem de gafanhotos na Argentina avança 10 km e se aproxima de Barra do Quaraí - G1/Rio Grande do Sul

. Nuvem de Gafanhotos no Brasil: Devemos nos preocupar e o que podemos aprender? Lavoura 10

. Para combater nuvem de gafanhotos, governo libera mais usos para agrotóxicos – Repórter Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário