Uma questão bastante recorrente e que sempre aparece na pauta das grandes discussões políticas e nas mídias consiste no problema das queimadas no Brasil.
Em todos os anos, os biomas brasileiros - Floresta Amazônica, Mata
Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pantanal e Pampa – são afetados pelo desmatamento, seguido pela queima da matéria orgânica deixada no terreno (material combustível), ora cometidos para dar
lugar à pastagem (gado bovino) ora
para dar lugar à área de cultivo (monocultura).
Imagem capturada na Internet com a devida autorização
Fonte: Revista Piauí
De acordo com o artigo “Amazônia cercada pelo Fogo” (GORZIZA, Amanda; VIEIRA, Maria Júlia Vieira e BUONO, Renata – Revista Piauí, n° 132 – Outubro/2022), a floresta Amazônica foi o bioma brasileiro mais afetado pelas queimadas neste ano (2022).
Só para se ter uma ideia, de janeiro a setembro deste ano foram 87,3 mil focos de fogo no respectivo bioma, representando um índice de 16% maior que 2021.
Imagem capturada na Internet com a devida autorização Fonte: Revista Piauí |
Durante o mês de agosto, na Amazônia
foi queimada uma área equivalente ao
estado nordestino de Alagoas.
Imagem capturada na Internet com a devida autorização Fonte: Revista Piauí |
O Pará foi o estado recordista de queimadas, totalizando 13 mil focos de fogo, tendo 47% destes ocorridos
em áreas protegidas ou não destinadas, tais como Terras Indígenas, Áreas de
Proteção Ambiental e Unidades de Conservação.
Imagem capturada na Internet com a devida autorização Fonte: Revista Piauí |
Nas outras cinco unidades bióticas
(biomas), os de maior incidência de focos de fogo registrados foram, em ordem decrescente:
- 41,8 mil no Cerrado;
- 8,5 mil na Mata Atlântica;
- 5,3 mil na Caatinga;
- 1,1 mil no Pantanal e
- 553 no Pampa.
Como é sabido, os efeitos nocivos das queimadas e dos incêndios florestais vão além dos danos ao meio ambiente e à fauna local, tendo em vista que afetam direta e/ou indiretamente a saúde do ser humano. E isso pode ser comprovado junto aos Postos de Saúde e às Unidades Hospitalares.
Em uma década (2010 a
2020), 87% das internações hospitalares
registradas no estado do Amazonas foram
em decorrência de doenças respiratórias
associadas aos incêndios florestais (Revista
Piauí, 2022).
Imagem capturada na Internet com a devida autorização Fonte: Revista Piauí |
“As queimadas também geram uma perda da qualidade de vida
e
um elevado custo para o SUS.
O
valor gasto por cinco estados com as hospitalizações
de
alta e baixa complexidade chegou a R$ 1 bilhão entre 2010 e 2020”.
(Revista Piauí)
Não tão menos preocupante é o caso do Pampa...
O Pampa – tanto por suas características físicas (naturais) quanto por sua vocação para pecuária – sempre configurou como o bioma de menor percentual de registros de queimadas.
De acordo com Eduardo Vélez, pesquisador do MapBiomas (Rio Grande do Sul/G1),
“(...)
as florestas no Pampa são úmidas,
então o fogo não entra.
Em paralelo, a prática da pecuária no estado
utiliza muitas áreas de pasto,
o que evita o excesso de vegetação.”
Ou seja, evita-se o acúmulo de matéria orgânica que serve (quando seca) como combustível para o fogo.
Daí as queimadas nos pampas gaúchos serem menos frequentes em comparação aos demais biomas do nosso país.
No entanto, embora - este ano - o Pampa permaneça na última posição do ranking dos biomas mais afetados pelas queimadas, o Relatório do MapBiomas (Rio Grande do Sul – G1) afirma que os seus registros tiveram um aumento de 3.372% em relação ao ano passado (2021). E que as queimadas não foram largamente espalhadas, mas, sim, concentradas na fronteira Oeste do Rio Grande do Sul e em algumas áreas de banhado.
Eduardo Vélez (op.cit.) atribuiu a esta situação, atípica, à atuação do fenômeno La Niña, que foi responsável pelo período de seca extrema no verão.
"Em
janeiro e fevereiro teve muita seca, enquanto no resto do Brasil, chovia."
Como já mencionei em uma publicação anterior a este respeito,
Entra ano, sai ano e nada muda...
Nem mesmo as legislações ambientais vigentes
são capazes de atenuar as práticas humanas,
criminosas, em relação aos desmatamentos,
queimadas e incêndios florestais em nossas matas nativas...
É cíclico...
Fontes de Consulta
. ALECRIM, Giulia. Número de queimadas na Amazônia em 2022 supera 2021, mas é inferior ao recorde de 2004 - CNN
. GORZIZA, Amanda, VIEIRA, Maria Júlia e BUONO, Renata. Amazônia cercada pelo Fogo – Revista Piauí
. LISBOA, Juliana. Bioma Pampa tem aumento nas queimadas em 2022, aponta Monitor do Fogo – G1/Rio Grande do Sul
. Queimadas em 2022 na Amazônia já
superam todo o ano de 2021 – Greenpeace
Nenhum comentário:
Postar um comentário