Imagem capturada da Internet
Todos os anos, eu trabalho com Atividades Dirigidas e Pesquisas Escolares acerca dos Dias Internacional e Nacional da Mulher, cujas datas são - respectivamente - 08 de março e 30 de abril (hoje).
Eu desconheço as razões, mas fico indignada diante da pouca divulgação que a segunda data tem em relação às mídias face - por sua vez - da intensa exposição que demanda o Dia Internacional da Mulher nos grandes veículos de comunicação. Por que será?
Apesar de já ter mencionado em outra postagem (março), sobre ambas as Datas Comemorativas, vou me reportar ao Dia Nacional da Mulher em razão de ser – hoje – o dia em que ele é comemorado e dos trabalhos, pelos quais solicitei em ambas as escolas, onde trabalho.
Sob este mesmo contexto, solicitei uma pesquisa complementar sobre a Lei Maria da Penha aos alunos da E.E. Assis Chateaubriand.
Os alunos da E.M. Dilermando Cruz fizeram levantamentos biográficos de personalidades femininas em várias áreas de atuação, bem como realizaram entrevistas.
A Lei Maria da Penha será trabalhada, em todas as turmas das duas escolas, sob forma de Atividade Dirigida em sala de aula.
Com relação a esta diferença explícita em relação ao tratamento de ambas as datas, ontem mesmo, enviei ao Jornal O GLOBO uma mensagem acerca da pouca divulgação e ênfase, nas mídias, do Dia Nacional da Mulher.
A resposta obtida, hoje, através de Karyne Goulart (Relacionamento com Assinante O Globo) e encaminhada por intermédio do meu e-mail pessoal foi: “Sua sugestão será avaliada e, na medida do possível, aproveitada para melhoria de nossos produtos e serviços” .
Bom, a minha parte, eu faço! Divulgo e, ainda, solicito pesquisas escolares, inclusive, sobre a Lei Maria da Penha, no sentido de sua conjuntura em nossa sociedade, que ainda persiste em apresentar resquícios da cultura machista, patriarcal, onde o homem é concebido como o senhor absoluto, enquanto a mulher e os filhos se apresentam submissos e subjugados à figura deste.
Sendo assim, em outra postagem enfatizarei a história de vida da farmacêutica, cearense, Maria da Penha Maia Fernandes, cujo drama vivido serviu de bases para a criação e promulgação da Lei n° 11.340, conhecida popularmente como Lei Maria da Penha.
DIA NACIONAL DA MULHER
O Dia Nacional da Mulher é fruto do empenho de grupo de feministas que lutou para a sua criação. Em razão desta mobilização e do reconhecimento de sua importância, por parte do governo, a data foi sancionada pelo, então, Presidente da República, João Figueiredo, através da Lei nº. 6.791/80, com referência à data natalícia da mineira Jerônima Mesquita, que se destacou no quadro político e social do país, principalmente, sob a sua visão de vanguarda com relação à situação e o papel da mulher na sociedade brasileira.
Jerônima Mesquita, filha de José Jerônimo de Mesquita (Barão do Bonfim) e de Maria José Villas Boas de Siqueira Mesquita (Baronesa do Bonfim), nasceu na cidade de Leopoldina, em Minas Gerais, no dia 30 de abril de 1880.
A vida social de sua família mesclava relações no campo e na cidade, uma vez que todos os seus membros passavam seis meses na fazenda Paraíso, em Leopoldina, e os outros seis meses na cidade do Rio de Janeiro.
Primogênita dos seis filhos do casal, Jerônima Mesquita e seus irmãos tiveram os seus primeiros estudos sob a orientação de tutores e, quando atingiram o ensino secundário, partiram para estudar na Europa. Ela concluiu os seus estudos secundários em Paris, na França.
Aos 17 anos, por imposição da família, Jerônima Mesquita casou-se com um primo e, deste casamento, nasceu o seu único filho. Dois anos mais tarde, o casal se separou e ela nunca mais se casou.
No início do século XX, vivendo na Europa e dividindo-se entre a França e a Suíça, Jerônima Mesquita presenciou a eclosão da I Guerra Mundial, em 1914. Nesta época e em razão do conflito, ela ingressou na Cruz Vermelha de Paris, como voluntária e, posteriormente, participou também dos trabalhos assistencialistas da Cruz Vermelha da Suíça.
Ainda na Europa, ela contribuiu direta e/ou indiretamente na implantação do Escotismo no país. Em Paris, por iniciativa e custos próprios, Jerônima Mesquita imprimiu milhares de folhetos de propaganda do Escotismo, inclusive, tendo traduzido a “lei escoteira” e diversos textos de Baden-Powell. Todo este material foi encaminhado ao Dr. Ascânio Cerqueira, em São Paulo, para ao qual ela sugeriu que fundasse uma Associação de Escoteiros na cidade.
E, assim, acabou acontecendo. No dia 29 de Novembro de 1914 foi fundada a Associação Brasileira de Escoteiros (ABE), com sede em São Paulo. Seus principais fundadores foram o Dr. Mário Sérgio Cardim e Ascânio Cerqueira, que assumiram o primeiro Conselho Superior, ocupando as funções de Presidente e Vice-presidente, respectivamente.
Esta iniciativa foi logo ampliada para outros estados. No Rio de Janeiro, por exemplo, em 1916, a cidade recebeu o Grupo Escoteiro do Fluminense Football Club, criado por iniciativa de Jerônima Mesquita, Guilhermina Guinle, Arnaldo Guinle e Marco Pollo. Em 1922, o Grupo de Escoteiros do Mar de Paquetá entrou em funcionamento e, no ano seguinte, em 1923, foi fundada a Associação Fluminense de Escoteiros pelo capitão Virgílio de Brito.
Jerônima Mesquita, com toda a sua bagagem cultural e de posicionamento político, ao retornar ao Brasil, não se conformou com a situação preconceituosa que a mulher brasileira se encontrava submetida e, além disso, se engajou em diversas atividades de assistência social e beneficente, tendo em vista a situação caótica da capital do país, a cidade do Rio de Janeiro.
No início do Século XX, o quadro sócio-econômico da cidade do Rio de Janeiro era caracterizado pela febre amarela, a peste bubônica, a varíola, surto da gripe espanhola, a fome e outras doenças agravadas pela subnutrição do povo.
Convicta de seus ideais, foi nessa época, que Jerônima Mesquita mais atuou. Ela, junto com sua amiga Stella Guerra Durval e sua mãe, participaram da Associação das Damas da Cruz Verde. Oferecendo assistência às vítimas das epidemias que afligiam à cidade do Rio de Janeiro, na época.
Destacou-se, também, no trabalho e atuação na área de assistência social à população pobre, sendo uma das fundadoras da matriz do Hospital Pró-Matre, unidade hospitalar beneficente a gestantes carentes, pobres, localizada na zona portuária da cidade do Rio de Janeiro.
Foi – ainda - uma das fundadoras, em 1920, da Federação das Bandeirantes do Brasil.
Sua importância no cenário social, político e econômico do país ultrapassou às questões feministas e assistencialistas. Jerônima Mesquita também colaborou ativamente em movimentos sufragistas, isto é, através da luta pelo direito ao voto feminino.
Junto com sua amiga Berta Lutz, Jerônima Mesquita participou da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), desde a fundação da entidade - em 1922 - e nunca deixou de lado o trabalho em obras assistenciais.
Apesar da vitória feminina na política, a conquista ainda não era completa, pois o referido Código só permitia o direito ao voto às mulheres casadas (com autorização do marido), às viúvas e às solteiras, maiores de 18 anos, com renda própria.
Todo o progresso obtido no campo político, Jerônima Mesquita acompanhou, nunca deixando de lado os trabalhos assistenciais. Ela presenciou o fim das restrições ao voto feminino, ocorrido em 1934, embora o mesmo só considerasse o masculino obrigatório.
Somente em 1946, o voto feminino passou a ser obrigatório e sem restrinções.
Em 1962, o Poder Legislativo promulgou a Lei n° 4.121, que alterou vários artigos do Código Civil Brasileiro. Entre estas, a legislação vigente concedeu às mulheres o direito de trabalhar fora do lar sem a autorização do marido ou paterna; em caso de separação do casal, o direito à guarda do filho; instituiu ainda o usufruto e o direito real de habitação à mulher etc. Esta Lei ficou conhecida como o “Estatuto da Mulher Casada”.
Em entrevista concedida, antes de falecer em 1972, no Rio de Janeiro, Jerônima Mesquita confessou a sua felicidade diante da referida lei e de outras tantas mudanças em termos do papel e da importância da mulher na sociedade e no mercado de trabalho.
Fontes de Pesquisa:
. Wmulher
. Arquivos meus, antigos.
Obs. Infelizmente, até hoje, nunca obtive uma imagem da Jerônima Mesquita. Se alguém tiver acesso, solicito - por favor - que me envie o endereço. Obrigada!
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