Faixa do Movimento Ocupa do C.E. Prof.ª Sonia Regina Scudese
Imagem capturada na Internet
“É
assegurado o direito de greve, competindo
aos trabalhadores
decidir sobre a oportunidade de exercê-lo
decidir sobre a oportunidade de exercê-lo
e
sobre os interesses que devam por meio dele defender”.
Art. 9º da Constituição
Brasileira (1988)
Como muitos sabem, eu aderi à
Greve dos Professores da rede estadual junto a maioria dos docentes do Colégio
Estadual Prof.ª Sonia Regina Scudese, decidido em Assembleia realizada, no âmbito
deste, no início de março.
Vários fatores justificam o
movimento em face as condições de trabalho da categoria, bem como de outras da
rede estadual.
Nesses 90 dias paralisados
(completados hoje, dia 30/05), vários fatos ocorreram, entre os quais destacam-se:
a continuidade da greve dos professores aprovada após votação em diversas
Assembleias realizadas; a ocupação de várias Unidades Escolares pelos alunos; a
licença médica do Governador Luiz Fernando Pezão para tratamento de saúde e assumindo
interinamente o vice-governador Francisco Dornelles; a greve de outras categorias
do funcionalismo estadual; a ocupação da Secretaria de Estado de Educação
(SEEDUC) pelos alunos; a mudança do Secretário de Estado de Educação; a
suspensão do pagamento do salário dos funcionários aposentados (inativos); a
violência no embate entre os grupos dos movimentos “Ocupa” e “Desocupa” e,
também, com policiais; a antecipação das férias para os colégios ocupados.
A situação caótica por qual os
profissionais da Educação e as Unidades Escolares estão passando, assim como
outros servidores da mesma rede é resultado do grau de endividamento do Estado,
considerado o de pior situação no Brasil inteiro.
Atrelado à má gestão política e
econômica do atual governo (e do anterior também), o Rio de Janeiro não é o
único estado brasileiro nestas condições, mas é – sem dúvida alguma – o de
conjuntura mais grave. Com isso, além
dos atrasos dos pagamentos dos servidores e do parcelamento do 13˚ salário em
cinco vezes, o governo mudou a data de pagamento dos salários para o sétimo dia
útil e, ainda, não oferece segurança que o mesmo vai ser pago. O Governo prevê,
também, realizar mudanças no sistema previdenciário do funcionalismo estadual.
A Greve dos professores teve
início no dia 02 de março e os motivos para o movimento pautavam em:
- A falta de segurança nas Unidades
Escolares, uma vez que os contratos dos porteiros terceirizados foram
cancelados, assim como o reforço para sua segurança com a presença de policiais
militares nas mesmas;
- Problemas quanto aos serviços
gerais de limpeza, pois os funcionários terceirizados tiveram o seu salário
reduzido, muitas vezes, não recebendo em dia. Daí, muitos não tinham condições
de ir trabalhar;
- Falta de material didático,
tais como: caneta de quadro branco, papel, livros, entre outros recursos indispensáveis;
- Redução na quantidade e
qualidade da merenda;
- Salas superlotadas;
- Falta de climatização nas salas
de aula;
- Falta de reajuste salarial dos
profissionais da Educação;
- Mudança do calendário de pagamento
dos salários dos servidores do Estado.
O C.E. Prefeito Mendes de Moraes,
na Ilha do Governador, foi a primeira Unidade Escolar da rede estadual a ser
ocupada pelos alunos (21 de março). E, após a esta iniciativa de um grupo do
corpo discente, outros colégios passaram a ser ocupados por seus alunos.
Em meados de abril já eram
contabilizados 70 colégios em todo o estado do Rio de Janeiro. O movimento
ganhou força e até o Colégio Estadual Prof.ª Sonia Regina Scudese foi ocupado
por alunos.
Com reivindicações distintas,
pontuais, de acordo com a realidade de cada estabelecimento de ensino, os alunos
do movimento “Ocupa” – em geral – iniciaram em apoio à Greve dos professores.
O Secretário de Educação e outros
membros ligados à esfera educacional, como também alguns diretores atribuíram à
ocupação das escolas às influências de partidos políticos e Associações estudantis.
Não vou dizer que isso possa ocorrer, mas - não restam dúvidas - que a
participação dos alunos na luta por melhores condições de infraestrutura física
dos colégios e de qualidade de ensino é algo inovador no corpo discente dos colégios
de Ensino Médio. E eles se mostraram responsáveis, pois foram pacíficos e
trabalharam na intenção de levantar o movimento às reivindicações deles,
enquanto alunos.
Não houve violência por ocasião
da ocupação e eles asseguram a funcionalidade dos colégios de acordo com as
necessidades de se manterem lá, cozinhando, realizando a limpeza, entre outras
coisas. Uma verdadeira lição de cidadania, sem precedente nos movimentos
grevistas da rede pública de ensino, seja estadual e/ou municipal.
“No processo de ocupar,
o aluno já muda a visão que
normalmente tem daquele espaço,
normalmente tem daquele espaço,
tido como frio, pouco
aglutinador,
não afeito à participação.
não afeito à participação.
Quando ele ocupa, inverte
totalmente a visão
que tem sobre a escola.
que tem sobre a escola.
Ele não será o mesmo aluno
e a escola não será a mesma escola”
e a escola não será a mesma escola”
(Daniel Cara, cientista político)
*.
Só presenciamos atos de violência
quando houve conflitos entre os estudantes dos dois movimentos (Ocupa e Desocupa),
assim como as intervenções da polícia militar e do Batalhão de Choque. Em
muitas escolas houve registro de mobília escolar quebrada, alunos feridos e até
desacordado, como ocorreu durante as ações do Batalhão do Choque contra os
alunos que ocuparam a SEEDUC.
As Unidades Escolares ocupadas
pelos alunos tiveram a antecipação das férias para este mês de maio (a partir
do dia 02/05) e, durante as Olimpíadas (agosto), elas terão aulas normais,
mesmo o Governo quebrando o acordo firmado com a Prefeitura acerca da mudança
do calendário em virtude do mega evento esportivo (Olimpíadas).
Segundo a Secretaria de Estado de
Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC), nas outras Unidades Escolares que não
aderiram à greve e nem foram ocupadas, o recesso ocorrerá no período de 1º a 27
de agosto, seguindo o calendário escolar.
O Secretário de Educação do
Estado do Rio de Janeiro, Antonio Neto foi exonerado no dia 17/05 e, em seu
lugar, assumiu o Wagner Victer. A escolha do novo Secretário, por sua vez, foi alvo de muitas
críticas mediante atuação e gestão deste em outros Órgãos públicos.
De acordo com as negociações
entre o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (SEPE/RJ)
e a Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC), algumas conquistas foram
alcançadas e outras ficaram a ser tratadas, a saber (texto transcrito e
modificado do Portal do SEPE):
.
Eleição para Diretor: A escolha
do diretor pelo voto da Comunidade Escolar (professores, pais e alunos) foi
aprovado pela ALERJ, no dia 12/05, mas falta o Governador sancionar a nova lei.
Ainda, este ano (2016), haverá a
escolha da Direção onde houver vacância e no ano que vem (2017) em todas as
unidades. Nas 69 escolas ocupadas até a data de 10 de maio, haverá a eleição 40
dias após o fim das ocupações;
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Abono das greves: Decreto do Governador publicado em Diário Oficial,
em 13/05, com os abonos das greves
ocorridas entre 1993 e 2015;
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Fim do parcelamento de salários: o Governo pagou os salários de
abril (pagos em maio) de todos os servidores da Ativa e Aposentados de modo
unificado, como a categoria exige;
.
Licença Especial: a licença especial para docentes não precisa mais
esperar pela aposentadoria. A SEEDUC publicou Ato no dia 06/05;
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Nenhuma disciplina com menos de dois tempos: a partir de 2017, as
disciplinas de Filosofia e Sociologia passam a ter dois tempos no 1º ano. Foi
criado um Grupo de Trabalho (GT) com a SEEDUC para discutir os casos de Artes e
Língua Estrangeira optativa. O SEPE defende 2 tempos para todas as disciplinas;
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Fim do pagamento de bônus por metas pré-estabelecidas: ainda em
negociação;
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Carga Horária de 30 horas para funcionários administrativos das escolas: Será
votado na Alerj um Projeto de Lei que permite que os funcionários
administrativos das escolas trabalhem com carga horária de 30 horas semanais;
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Uma matrícula, um professor por escola: De acordo com a SEEDUC, atualmente,
91% dos professores já se encontram em apenas uma escola. Há apenas cinco
professores trabalhando em cinco escolas, que serão chamados até o dia 03 de
maio para resolver a situação. Outros 55 professores atuam em quatro escolas,
que serão chamados para solucionar o problema entre os dias 03 e 10 de maio. Já
a partir de 20 de maio, começa a convocação dos 783 professores que trabalham
em três escolas (não sei se isso aconteceu de fato);
.
Enquadramento por Formação: SEEDUC regularizará, até o fim deste ano, os
valores referentes a 2016. As quantias relativas aos anos de 2013, 2014 e 2015
serão parceladas em 24 meses, a partir de janeiro de 2017;
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Retorno do calendário de pagamento anterior: o SEPE reivindica
a volta do pagamento no início do mês;
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Arquivamento do Projeto de Lei do governo de reforma do Rio previdência: o Projeto
de Lei foi retirado da pauta de emergência (mas, significa que não suspenso
definitivamente);
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Reajuste salarial de 30%: o governo não fez proposta e afirma que não
tem dinheiro;
.
Realização de concurso público para funcionários técnico-administrativos: sem
proposta;
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Sobre situações pontuais de cada escola: a SEEDUC informou que enviará
equipes às Unidades Escolares para verificação do que pode ser feito de
melhoria.
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1/3 de planejamento: o atual Secretário Victer afirmou que será
implantado;
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Criação do Cargo de Professor indígena I e II: foi aprovado
pela Alerj, mas falta o Governador sancionar. O contrato dos professores
indígenas será prorrogado até que o concurso seja feito após criação do cargo.
A próxima Assembleia está marcada para o dia 02/06 às 10 horas no Clube Hebraica (Rua das Laranjeiras, 346).
* Artigo "Ouvir os que não querem sair"
(VIEIRA, Andrea Gouvêa, Revista Appai Educar n˚ 99/2016 pag.63 )
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