Imagem capturada na Internet
Fonte: Foro Ambiental
O termo Antropoceno não é recente, tendo sido apresentado por Crutzen & Stoemer, em uma
publicação do Programa Internacional da Geosfera-Biosfera, em 2000. No entanto, sua maior divulgação
e notoriedade ocorreram após a publicação de um artigo do primeiro autor na
Revista Nature, em 2002, intitulado “Geologia da Humanidade” (Crutzen,
2002 apud Filho et al, 2013).
Paul Crutzen foi o vencedor do Prêmio
Nobel de Química de 1995, com a descoberta do mecanismo da destruição da camada
de ozônio, e foi um dos cientistas que mais popularizou e difundiu o conceito
de "Antropoceno".
De acordo com o mesmo, o termo
Antropoceno se encontra mais adequado às efetivas alterações do homem na
dinâmica da Terra, que aumentaram de forma acelerada em razão da evolução das
ciências e das tecnologias modernas.
Para ele e muitos outros
cientistas, a paisagem física já traz cicatrizes e marcas diretas e/ou
indiretamente das ações antrópicas (feitas pelo homem), que fica difícil
afirmar que haja, ainda, o chamado “espaço natural”.
Basta lembrarmos do fenômeno
Aquecimento Global, mencionando na postagem anterior, o qual – além de ser um
fenômeno cíclico, natural – tendo em vista que estamos atravessando uma fase
interglacial, de temperaturas mais elevadas, a poluição com a emissão de gases
de efeito estufa agravou e alterou a média da temperatura da Terra em escala
global, atingindo tanto as áreas ecúmenas (de fácil fixação do homem) quanto às
áreas anecúmenas (de difícil acesso e fixação do homem).
Isso significa dizer
que não existe nenhum espaço ou paisagem na superfície terrestre de caráter
exclusivamente natural, pois este ou esta já sofreu, direta e/ou indiretamente,
os impactos das ações antrópicas.
Vários exemplos podem ser
citados, como o degelo das zonas polares, do Monte Kilimanjaro, ponto
culminante do continente africano, a concentração de gás carbônico na atmosfera,
de metano e de dióxido de carbono retidos no gelo polar e etc.
Todas as intervenções antrópicas
na superfície terrestre, independente do grau de seu impacto, implicam em uma maior
ou menor ruptura ou alteração das funções ecológicas (funcionamento) dos
ecossistemas. Sendo, com isso, capazes de interferir na estabilidade dos mesmos.
Existe, ainda, certa divergência na literatura especializada
acerca do marco inicial da época
Antropocênica. Alguns autores o consideram a partir da prática da agricultura extensiva, enquanto outros o
assinalam com a I Revolução Industrial,
ocorrida na segunda metade do Século XVIII, na Inglaterra.
No entanto, o maior consenso quanto
ao seu início direciona-se à expansão industrial, ocorrida com e após a I Revolução
Industrial, ou seja, a partir da segunda metade do século XVIII até hoje.
Crutzen & Steffen (2003, apud
Filho et al, 2013), contudo, consideram o seu início bem antes da I Revolução
Industrial, assinalando e dividindo o Antropoceno em quatro fases globais, a
saber:
Mas, enfatizam a aceleração das
atividades antrópicas sobre o meio ambiente na Segunda Fase, que se estende da segunda metade do Século XVIII (1784)
a meados do Século XX (1950), ou seja, início das atividades industriais, com a
I Revolução Industrial, a Revolução Agrícola, a organização do espaço
geográfico (êxodo rural, urbanização, destruição das florestas, poluição etc.),
o desenvolvimento do transporte ferroviário e de embarcações movidas a vapor e
tantas outras inovações tecnológicas ocorridas a partir desta fase.
A Terceira Fase sobrevém a partir dos efeitos do homem sobre a
economia (modelo de desenvolvimento capitalista, exploratório e irracional) e culturais
(sob a concepção de uma relação humana dissociada da natureza e do poder de
domínio do homem sobre a mesma) com as consequências das atividades antrópicas,
ao longo do tempo, sobre o meio ambiente, as quais já estamos sentindo.
A Quarta Fase, como se pode observar na tabela, constitui o período
atual e sua projeção para o futuro, na qual os autores assinalam a importância
da conservação e uso racional dos recursos ainda existentes, assim como o
desenvolvimento e uso de tecnologias alternativas, limpas. Fase esta, que deve
pautar em uma gestão ambiental responsável pelo Sistema Terra, segundo seus
autores.
Os cientistas estão convictos
que, no futuro, os materiais sedimentares apresentarão registros desses
impactos a partir de resíduos deixados em seus depósitos. Em outras palavras, “os
depósitos sedimentares exibirão a marca das atuais intervenções no meio
ambiente, arqueólogos encontrarão restos de nossos animais domésticos, da mesma
forma que resquícios de plantas cultivadas e partículas de plástico”
(Terra).
Fontes de Pesquisa
EcoDebate: Cidadania & Meio Ambiente
. FILHO, Luiz Saavedra et all. O Antropoceno da Baía de Guanabara: Características Sedimentares, Elementos-Traço e Razões Isotópicas de Chumbo em Testemunhos - Interações Homem-Meio nas Zonas Costeiras: Brasil/Portugal, Rio de Janeiro: Corbã, 2013, 15-40.
. Material Didático particular
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