Ato Simbólico de repúdio ao estupro coletivo no Rio de Janeiro
Imagem capturada na Internet
Fonte: Revista Veja
Barbárie! Indignação, tristeza...
Não se trata de mais um caso de violência contra o gênero feminino. Trata-se de
um crime monstruoso, de total repulsa aos valores humanos.
Estou falando do crime ocorrido
contra uma adolescente de 16 anos do Rio de Janeiro, que – segundo as mídias e
as reportagens nos telejornais - foi vítima de estupro no sábado passado (21/05),
dentro de uma comunidade no Morro da Barão, na Praça Seca, em Jacarepaguá, Zona
Oeste da cidade.
De acordo com os noticiários e do
depoimento dela à polícia, a adolescente se dirigiu até a casa do rapaz com
quem ela se relacionava, no sábado e só se lembra que acordou, no dia seguinte
(domingo), em outra residência na própria Comunidade, nua e dopada. Na casa,
junto com ela haviam 33 homens armados com fuzis e pistolas, os quais a
submeteram a sessões de estupro, ou seja, de estupro coletivo.
Além de seu caráter hediondo, as
sequelas inevitáveis – oriundas desta barbárie – dificilmente serão apagadas da
mente da vítima, mesmo que ela passe por um tratamento psicológico rigoroso.
São marcas de violência que
ultrapassam a física e a sexual, pois emocionalmente sua vida foi transgredida,
seja pela humilhação a que foi submetida entre diferentes homens seja pela
exposição de vídeos e imagens dos atos, em si, na Internet. Sem dizer dos
riscos da mesma contrair alguma Doença Sexualmente Transmissíveis (DSTs), como
a Aids, Gonorreia, Hepatites virais, Herpes genital, Infecção pelo HTLV, Sífilis,
entre outras.
O rapaz envolvido e citado como "namorado" ou "ficante" da jovem poderia ser enquadrado na Lei Maria da Penha em face da ligação de afetividade entre ambos.
Após a divulgação do caso nas
mídias, um levante popular – mais um sob este contexto – desencadeou discussões
e mobilizações em defesa da jovem e em repúdio ao que é chamado a “cultura do
estupro”, proveniente do machismo ainda presente, fortemente, em nossa sociedade.
O caso do estupro desta jovem de
16 anos foi destaque na imprensa internacional, sendo até comparado a um
episódio, também ocorrido de forma coletiva, na Índia, em dezembro de 2012, com
uma estudante de fisioterapia, de 23 anos, que foi estuprada e agredida dentro
de um ônibus, por seis homens (incluindo o motorista e um menor de idades), em Nova
Déli (capital da Índia).
Ela estava acompanhada de um
amigo, quando saíram do cinema e embarcaram no ônibus. Com o ônibus desviado do
seu trajeto habitual, os seis homens agrediram o rapaz com uma barra de ferro,
deixando-o inconsciente e se voltaram para a estudante, estuprando-a. Depois,
ambos foram jogados para fora do ônibus. A estudante morreu no hospital, duas
semanas depois, em consequências dos ferimentos.
Um dos nomes (apelidos) atribuído
à vítima, "Nirbhaya", que significa a "destemida", se deu em razão do
nome verdadeiro das vítimas de estupro, na Índia, não poderem ser revelados.
Após a sua morte, o seu nome foi revelado, Jyoti Singh.
Este caso teve grande repercussão
no país, gerando diversos protestos em muitas cidades indianas. A sociedade
indiana é fortemente patriarcal e a mulher sofre com a discriminação e
violência praticada pelos homens. Mas, depois deste caso, a legislação na Índia
tornou-se mais rigorosa.
Como o estupro da jovem foi
também coletivo, a imprensa indiana, em especial, o jornal The Times of India
noticiou o caso com o seguinte título, “O Brasil encara sua própria crise de
Nirbhaya".
Entre tantas mobilizações
populares contra a violência sexual e, mais especificamente, em repúdio ao
estupro coletivo da jovem de 16 anos, no Rio de Janeiro, além da manifestação organizada
e realizada nas escadarias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj),
no centro da cidade, destaco o Ato simbólico nas areias da praia de Copacabana,
onde foi estendido um varal com 33 peças de roupas, todas manchadas de vermelho
(para efeito de sangue), em alusão aos 33 homens envolvidos no caso do estupro
coletivo. Diversos cartazes e faixas foram também usados neste protesto.
Os organizadores ainda distribuíram
flores às mulheres que passeavam no calçadão da Praia de Copacabana. Segundo a
Revista Veja, ao todo foram 130 flores, que simbolizavam os 130 casos de estupros
que ocorrem, diariamente, em nosso país.
Como já era de se esperar, o caso
desta jovem vem sofrendo diversas críticas por uma minoria sob a alegação que a
conduta da vítima já era propensa a situações dessas, que ela fantasiou tudo,
que a violência sexual foi consensual, ou seja, ela permitiu, não sendo forçada
a nada. Enfim, sua posição como vítima em potencial está sendo colocada em
dúvida.
No entanto, em minha opinião, se
ela teve ou tem envolvimento direto com o grupo, se ela consentiu ou não, como
a própria delegada afirmou, o vídeo e as imagens postadas na Internet já
comprovam o crime.
Nenhuma conduta da adolescente
justifica o ato de barbárie a que ela foi submetida. Para estas pessoas que
tentam difamar e denegrir a imagem dela, a “cultura do estupro” deve ser justificável
e legítima. Só pode!
É preciso que a sociedade lute
contra estes valores desumanos e a violência contra as mulheres.
Vale ressaltar ainda que, embora o título desta publicação se refira à selvageria urbana do Rio de Janeiro, no Piauí já houve registro de dois casos de estupro coletivo, um em 2015 e o outro, ocorrido recentemente, no dia 21/05, no mesmo dia da jovem do Rio de Janeiro.
Fontes de Consulta
. Jornal O Globo impresso (diversas edições)
. Portal G1 (diversas edições)
. Revista Veja
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