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Maruim picando o braço de uma pessoa Imagem capturada na Internet Fonte: Brasil de Fato |
Mais uma preocupação na área da Saúde em nosso país...
O Brasil vem registrando números elevados de casos de Febre Oropouche, os quais devemos ficar atentos e cautelosos, seguindo as devidas medidas de prevenção, recomendadas pelas autoridades do Setor.
AVANÇO DA FEBRE OROPOUCHE NO PAÍS
Segundo reportagem do G1/Globo, a Febre do Oropouche já contabiliza, neste ano (2025), mais de 10.076 casos de pessoas infectadas em todo o país, o que representa um acréscimo de 56% de casos em relação ao mesmo período de 2024.
De acordo com o Ministério da Saúde, ao longo de todo o ano passado,
13 mil
pessoas foram infectadas pelo vírus e pegaram a doença.
De acordo com NASCIMENTO et al (2020), citados por PEREIRA et al (2021), embora a Febre Oropouche tenha sido descoberta no Brasil, na década de 60 (Século XX), essa patologia ainda é pouco conhecida. E, de acordo com os referidos autores, o seu estudo demanda uma atenção especial mediante aos “surtos isolados periódicos em populações humanas”.
Os autores do artigo, acima citados, fizeram uma referência ao quadro da região Norte e do Mato Grosso há cerca de 5 anos. Contudo, hoje (2025), o quadro mudou muito, com o avanço da doença, em vários estados brasileiros, inclusive com notificações de mortes em consequência desta.
Os pesquisadores da Fiocruz, em um estudo publicado, em novembro de 2004, já haviam advertido acerca deste aumento de casos da doença em consequência do surgimento e circulação de uma nova cepa, entre 2010 e 2014, na região Amazônica.
Segundo este estudo, esta nova cepa surgiu por meio de um rearranjo genético entre cepas brasileiras e outras que circulavam em alguns países sul-americanos (Peru, Colômbia e Equador). De acordo com os pesquisadores, essa nova linhagem pode escapar da imunidade de infecções anteriores e possuem maior capacidade de replicação.
O avanço da Febre Oropouche para a região Sudeste, antes restrita à região Norte do país, é um indicativo de que mudanças ambientais têm criado condições favoráveis para a expansão de doenças para outras áreas do território nacional. E, entre os fatores responsáveis por isso, os autores enfatizam o desmatamento e os eventos climáticos extremos, que vêm afetando muito o nosso país, nos últimos anos.
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Aprisionamento de grande quantidade do mosquito maruim Imagem capturada na Internet Fonte: Globoplay |
Desde o início deste ano (2025), o Brasil já contabiliza mais de 10.076 casos da doença e, até a presente data, há quatro mortes pela doença confirmadas no país, todas na região Sudeste, sendo uma no Espírito Santo e três no Rio de Janeiro. Estes óbitos - associados à Febre Oropouche - foram confirmados apenas pelas Secretarias Estaduais de Saúde dos respectivos estados.
A separação dos estados por regiões brasileiras é de minha autoria e os números registrados por cada estado foram, segundo a reportagem
publicada pelo G1/Globo:
- Amapá: 80
- Pará: 01
- Rondônia: 07
- Roraima: 01
- Tocantins: 05
. Região Nordeste
- Bahia: 05
- Ceará: 573
- Paraíba: 640
- Pernambuco: 02
- Piauí: 01
. Região Sul
- Paraná: 10
- Santa Catarina: 09
. Região Sudeste
- Espírito Santo: 6.123
- Minas Gerais: 682
- Rio de Janeiro: 1.900
- São Paulo: 36
. Região Centro-Oeste
- Mato Grosso do Sul: 01
Observa-se que o estado do Espirito Santo é o que apresenta o maior número de
infectados com a doença no Brasil. E, inclusive, foi o que registrou
a primeira
morte por Febre Oropouche, neste ano (2025).
A vítima, um homem de 52 anos, morreu no dia 16 de janeiro deste ano, mas a confirmação da doença só foi divulgada recentemente (20/05). A vítima tinha comorbidades, a hipertensão e cardiopatia. Ele morava em Colatina, no Noroeste do estado capixaba.
De acordo com Orlei Cardoso, Subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SESA), outras duas mortes estão sendo investigadas, mas ainda não há resultados a respeito, pois o processo de investigação é demorado.
O Rio de Janeiro é o estado brasileiro que ocupa a segunda colocação, neste quadro epidemiológico da febre Oropouche do país, tendo registro – até o dia da reportagem do G1/Globo (op. cit.) – de 1900 casos da doença, com três óbitos associados à mesma e confirmados - em todo o estado, neste ano.
Só para se ter uma ideia da gravidade e da necessidade de haver uma rigorosa e constante vigilância das autoridades, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES) confirmou três mortes por Febre Oropouche em nosso estado, que já contabiliza 1900 casos da doença, nos municípios fluminenses de Cachoeiras de Macacu, Paraty e Macaé.
A primeira morte por Febre Oropouche, no estado, vitimou um morador da cidade de Cachoeiras de Macacu, de 64 anos. Ele foi hospitalizado, em fevereiro deste ano (2025), na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e veio a óbito quase um mês depois.
Nos dois últimos casos, registrados nos municípios fluminenses de Macaé e Paraty, as vítimas foram duas mulheres, com as seguintes idades, respectivamente, 34 anos e 23 anos. Em ambos os casos, os primeiros sintomas apareceram em março deste ano, elas foram internadas, mas morreram dias depois.
Esses dois fatos, que ocorreram há mais de dois meses, estão sendo considerados casos isolados. Depois deles, não houve nenhum outro registro de casos graves ou internações e nem de óbitos pela mesma doença nas respectivas cidades ou em qualquer outro município do estado capixaba.
FATORES NATURAIS X FATORES ANTRÓPICOS
Além dos impactos ambientais que contribuem, direta e/ou indiretamente, para toda a dinâmica do meio ambiente, não podemos esquecer que o clima predominante do nosso país é o Tropical e, este, se caracteriza por ser quente (temperaturas elevadas) e úmido (alto índice pluviométrico, ou seja, chuvoso), praticamente, durante o ano todo. Em razão disso há uma incidência e diversidade de insetos muito grande.
O clima Tropical ocorre em uma ampla área do nosso território, em partes das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste (com exceção da região Sul do Brasil, de domínio do clima subtropical).
Esses fatores contribuem para ocorrência de doenças, cujos principais vetores são os mosquitos. E a Febre Oropouche é outro exemplo disso, ou seja, enfermidade transmitida também por mosquito.
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Culoides paraenses (maruim) Vetor principal do vírus Oropouche Imagem capturada na Internet Fonte: Saber Atualizado |
TRANSMISSÃO DO VÍRUS OROPOUCHE
Atualmente, a transmissão da Febre Oropouche pode ocorrer tanto em Ciclo silvestre quanto em Ciclo urbano:
. CICLO SILVESTRE: Neste ciclo, animais como os bichos-preguiça e macacos são os portadores do vírus (hospedeiros). Havendo também alguns tipos de mosquitos, como o Coquillettia venezuelensis e o Aedes serratus, que atuam como portadores do vírus.
No entanto, o mosquito Culicoides paraenses, mais conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é considerado o principal transmissor desse ciclo.
Nas áreas rurais, como mencionam diversas fontes de pesquisa, o mosquito maruim é bastante comum em cultivos de bananeiras e goiabeiras.
O Jornal do Vale do Itapocu - em reportagem do dia 19/07/2019 e, atualizado em 31/08/21 – cita que o cepo da bananeira (seu caule) é um dos principais criadouros do maruim e afirma, ainda, que a incidência e a proliferação do referido inseto se dá em razão das mudanças ambientais, de origem antrópica (humana):
“ (...) mudanças ambientais
como a conversão cada vez maior de parte da
mata atlântica em monocultura e áreas urbanizadas,
o
uso de agrotóxicos diversos e consequentemente
a
diminuição das populações naturais de predadores,
propiciaram
a proliferação do maruim nos bananais,
agravado pela presença constante do homem
próximo ao criadouro,
constituindo
fonte segura de repasto sanguíneo”.
. CICLO URBANO: Em áreas urbanas, como as que nós vivemos, a transmissão da doença é feita também e principalmente pelo inseto Culicoides paraenses (maruim), que é o vetor principal do vírus.
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Maruim (Culicoides paraenses) Imagem capturada na Internet Fonte: IOC |
Mas, vale ressaltar, aqui, que o mosquito Culex quinquefasciatus, conhecido popularmente como pernilongo ou muriçoca, tão comum neste tipo de espaço (urbano), também, pode transmitir, ocasionalmente, o vírus.
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Pernilongo doméstico Imagem capturada na Internet Fonte: Saber Atualizado |
Estes insetos, após picarem uma pessoa ou animal infectado, ficam com o vírus mantido em seu sangue por alguns dias. E estes, ao picarem uma pessoa saudável, podem transmitir o vírus para ela.
SINTOMAS
Os sintomas da Febre Oropouche são semelhantes aos
da dengue e
da
chikungunya. O período de incubação é de três a oito dias até começar a
aparecê-los, os quais podem ser:
- Febre;
- Cefaleia (dor de cabeça);
- Dor muscular;
- Dor nas articulações;
- Calafrios;
- Náuseas;
- Diarreia e
- Vômitos.
Em alguns casos raros ocorrem erupções cutâneas, petéquias (pequenas manchas vermelhas, roxas ou marrons na pele) e sinais hemorrágicos.
O fato dos sintomas serem semelhantes aos da dengue e da chikungunya, dificulta o diagnóstico da Febre Oropouche. Daí a recomendação de procurar um médico, assim que apareçam os indícios da doença.
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Enxame de maruins picando uma mão humana, com ocorrência de pontos avermelhados. Imagem capturada na Internet Fonte: Saber Atualizado |
PREVENÇÃO
Quanto à prevenção da doença são recomendadas as mesmas medidas
preventivas indicadas aos casos da dengue e da chikungunya:
- Prefira permanecer em locais protegidos e evitar áreas com muitos mosquitos;
- Usar roupas que cubram o corpo (calça comprida e blusa de
manga longa) e aplicar repelente nas áreas em que a pele fica exposta. A aplicação de repelente deve ser feita,
principalmente, nos períodos da manhã e tarde, que são os de maior atividade do
inseto;
- Instalar telas de malha fina, de 1,5 a 3mm, em portas e
janelas, pois o maruim é extremamente pequeno (seu tamanho é cerca de
20 vezes menor que o Aedes aegypti);
- Manter a casa limpa e/ou terrenos, eliminando possíveis locais de reprodução de mosquitos, como água parada em pneus, folhas, garrafas e latas vazias acumuladas, entre outros.
TRATAMENTO DA DOENÇA
Não existe tratamento específico para a Febre Oropouche e nem vacina.
O Ministério da Saúde recomenda apenas cuidados no alívio dos sintomas, como descanso, o uso de antitérmicos, analgésicos e anti-inflamatórios (somente com prescrição médica) e, sem dúvida, acompanhamento por médicos.
Ainda que raros, há casos em que esta doença pode evoluir e acarretar complicações mais sérias, como meningite ou encefalite, que afetam o sistema nervoso central.
E, ainda, se houver transmissão vertical do vírus, ou seja, a transmissão do vírus da mãe para o seu filho durante a gestação, parto ou amamentação, pode causar a morte do feto.
Vale lembrar, aqui, que a Febre Oropouche é uma doença transmitida por vetor, melhor dizendo, ela não passa diretamente de uma pessoa para outra. Sua transmissão requer a participação de artrópodes, principalmente insetos, que são responsáveis pela propagação do vírus a outros seres vivos. Por isso, como a reportagem do G1/Globo/ES enfatiza,
“A Febre do Oropouche é uma doença de transmissão vetorial.
Controlando a população de vetor,
controla-se a transmissão da doença. ”
Fontes de Consulta:
. ANTUNES, Andressa: Espírito Santo confirma primeiras mortes por dengue e Oropouche em 2025 – Tribuna on line
. Brasil tem alta de casos de febre Oropuche: entenda origem, sintomas e tratamento – G1/Globo
. Controle bioativo do maruim está sendo apresentado na região – Jornal do Vale do Itapocu
. COUTO, Camille: RJ confirma três mortes por febre Oropouche – CNN Brasil
. ES registra primeira morte por Febre Oropouche em 2025; outras duas mortes suspeitas são investigadas – G1/Globo/ES
. Oropouche – Ministério da Saúde/Governo Federal
. PEREIRA, Cristian dos Santos et al: Epidemiology, Diagnosis and Treatment of Oropouche Fever in Brazil: A Literature Review - Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.6, p. 23912-23920 nov./dec. 2021 – Em PDF
. Rio confirma mais dois casos de mortes por febre do oropouche e chega a três óbitos em 2025 – O Globo
. RJ registra a primeira morte por Febre do Oropouche – G1/Rio de Janeiro
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