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Agentes indianos na região do ataque terrorista, em abril de 2025, na Caxemira indiana Fonte: CNN Brasil |
Desde abril e ainda em curso, o nível de preocupação mundial vem crescendo, significativamente, em relação à probabilidade de uma violenta guerra protagonizada por duas potências nucleares em uma das regiões mais militarizada do mundo.
Estou me referindo à região da Caxemira, sendo a Índia e o Paquistão as duas potências nucleares envolvidas no referido conflito histórico. Vale destacar, ainda, a possibilidade de haver o envolvimento de uma terceira potência nuclear, vizinha e fronteiriça, a China.
No início deste mês (07/05), o ataque da Índia ao Paquistão e à área da Caxemira paquistanesa, serviu para aumentar a tensão histórica entre os dois países, cuja origem remonta o ano de 1947, quando ambos faziam parte de um mesmo território sob o domínio colonial britânico.
Na verdade, essa ofensiva indiana foi uma retaliação ao ataque terrorista sofrido na região indiana da Caxemira, no dia 22 de abril, que resultou na morte de 26 pessoas, a maioria hindus e turistas de diferentes áreas do país. Além desses, 17 pessoas ficaram feridas neste ataque.
Este foi considerado um dos piores ataques terroristas cometido contra civis indianos em décadas.
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Manifestantes indianos protestando contra a morte de turistas Imagem capturada na Internet Fonte: Brasil de Fato |
A Índia acusou o envolvimento do Paquistão no referido atentado, o que as autoridades paquistanesas negaram. Por sua vez, o Paquistão iniciou uma ofensiva contra a Índia, em represália, que resultou em 12 mortos.
O ponto central da discordância entre eles é a região da Caxemira, que desde a independência da Índia e a formação dos dois países, se configurou como uma disputa territorial histórica e violenta entre ambos.
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Região da Caxemira Imagem capturada na Internet Fonte: DW |
Quando a Índia declarou sua independência, em 1947, a Grã-Bretanha dividiu a sua ex-colônia, em duas partes, ou seja, em dois países independentes: a Índia composta majoritariamente por hindus e, o Paquistão, de maioria muçulmana. Contudo, o controle da Caxemira continuou a ser incerto.
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Índia X Paquistão Imagem capturada na Internet Fonte: BBC News Brasil |
O processo de divisão do território e a criação desses dois países independentes (Índia e Paquistão) foi violento e os seus efeitos foram sentidos por ambas as partes. Desencadeando uma onda de violência que deixou aproximadamente um milhão de mortos e 15 milhões de refugiados, gerando uma das maiores migrações em massa da história e vários conflitos étnicos e religiosos que persistem, até hoje.
Com relação à região da Caxemira, tanto a Índia quanto o Paquistão a reivindicam integralmente há quase oito décadas (77 anos), no entanto, até hoje, eles governam diferentes partes desta região.
Com uma área de aproximadamente 222 mil Km2, localizada no extremo norte do subcontinente indiano e encravada na cordilheira do Himalaia, estrategicamente, a região da Caxemira é muito importante, tanto em termos de recursos hídricos, porque engloba as nascentes dos rios da Índia e do Paquistão (respectivamente, o Ganges e o Indo) quanto em termos geopolítico e militar, pois faz fronteira com três potências nucleares, a Índia, o Paquistão e a China.
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Imagem capturada na Internet Fonte: Agência Brasil |
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Rio Neelum e assentamentos ao longo da Linha de Controle entre a Índia (lado esquerdo) e o Paquistão (lado direito) Imagem capturada na Internet Fonte: UOL Internacional |
Apesar de a maioria da população de Caxemira, cerca de 60%, ser muçulmana e esta ter interesse de ser integrada ao território paquistanês, que abrange áreas do norte da Caxemira, incluindo, Caxemira Livre e Guilguite-Baltistão, a Índia é que possui a maior parte de sua área territorial, e a porção mais populosa da Caxemira.
A China, por sua vez, possui a menor porcentagem do seu território (Aksai Chin e o Vale de Shaksgam). Contudo, em relação a estas terras administradas pela China, a Índia também reivindica a região de Aksai Chin e não reconhece o controle chinês sobre o Vale de Shaksgam.
Daí os conflitos históricos sobre Caxemira, que se caracteriza
como uma região
bastante instável, embasados em questões geopolíticas (relações de poder, disputa pelo
território, conflitos militares, controle sobre as águas fluviais etc.), marcada
pela forte
presença militar, movida por rivalidades étnicas e religiosas, assim como por disputas
territoriais, não solucionadas ao longo do tempo. A região é
considerada uma
das mais militarizadas do mundo.
Desde a independência da ex-colônia da Grã-Bretanha, em 1947, a Índia e o Paquistão já se envolveram em três guerras em razão à disputa pela Caxemira.
Durante a Guerra Fria, os EUA apoiaram o Paquistão, enquanto a Índia recebeu apoio da antiga União Soviética (URSS). Em razão dos grandes investimentos no setor bélico, feitos por ambas as partes, atualmente, a Índia e o Paquistão fazem partes do grupo seleto dos nove países que possuem armas nucleares em seu arsenal militar, o que aumenta as tensões na região.
A nível de curiosidade, os nove países que possuem armas nucleares no mundo, atualmente, são: Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte.
E, ainda, também a nível de curiosidade, o seu nome faz referência a um material têxtil de alta qualidade, extremamente macia e valiosa, a lã de caxemira, que é produzida com o subpelo (camada inferior de pelo) das cabras nativas da localidade.
A saída imediata para evitar maior escalada deste conflito, capaz de evitar a deflagração de uma guerra, seria um acordo de cessar-fogo entre ambas as partes (Índia e Paquistão). O que foi feito no último dia 10 de maio, o qual propôs o fim de ataques e ações militares tanto por terra quanto pelo ar e mar.
O anúncio deste acordo foi feito pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que reivindicou o seu papel de mediador nas negociações. No entanto, Índia e Paquistão apresentaram narrativas divergentes quanto ao seu envolvimento efetivo neste acordo de trégua.
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Paquistaneses comemorando o acordo de Cessar-Fogo Imagem capturada na Internet Fonte: CNN Brasil |
Horas após o anúncio de trégua entre os países, em questão, houve acusações de violações de ambos os lados, com confrontos e explosões, colocando em dúvida a seriedade e duração do acordo estabelecido.
No dia 12 de maio foi realizada uma nova reunião,
entre os chefes militares das partes envolvidas (Índia e Paquistão), para discutir a
continuidade do acordo de cessar-fogo e os procedimentos a serem tomados.
Embora o acordo de cessar-fogo esteja em vigência, a
situação atual do conflito entre a Índia e o Paquistão, sobre a região da
Caxemira, continua tensa, pois há muitos aspectos
envolvidos quanto às rivalidades existentes (étnicas e religiosas), às disputas
territoriais e o poderio bélico nuclear de cada um dos países
envolvidos. Havendo com isso, o risco deste acordo fracassar, bem como a deflagração de
uma guerra
mais ampla.
Fontes de Pesquisa
. GHAEDI, Monir: Entenda o conflito entre Paquistão e Índia na Caxemira - DW
. Índia e Paquistão concordam com cessar-fogo - G1/Globo
. Índia x Paquistão: 3 questões para entender divisão dos 2 países há 75 anos e as consequências até hoje – BBC News Brasil
. LEÓN, Lucas Pordeus: Caxemira: entenda guerra entre Paquistão e Índia que assustou o mundo – Agência Brasil
. MOGUL, Rhea e SAIFIDA, Sophia: Ataque mortal na Caxemira agrava tensões entre Índia e Paquistão – CNN Brasil
. PRESSE, France: Índia x Paquistão: entenda histórico de conflitos entre as potências nucleares, que dura mais de 70 anos – G1/Globo
. SALBERT, Sara: Risco de conflito? Entenda as novas tensões entre Índia e Paquistão - VEJA
. SHAHZAD, Asif, PESHIMAM, Gibran e SHAHID, Ariba: Índia ataca Paquistão após a morte de turistas na Caxemira – Agência Brasil
. YAHYAI, Oman Al: Primeira noite de calma entre Índia e Paquistão após mediação dos EUA - Euronews
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