Achei super interessante o texto de Zuenir Ventura sobre as manifestações dos profissionais de Educação do Rio de Janeiro, ocorridas no dia 08 de setembro, quando houve - infelizmente - um incidente entre os profissionais da Educação com os policiais militares.
Os manifestantes foram recebidos com balas de borracha e bombas de efeitos morais. As imagens publicadas nas mídias mostraram a situação criada. Inclusive, eu publiquei aqui - neste espaço - as duas imagens referenciadas no texto. Vale a pena conferir o texto e a opinião de Zuenir Ventura a respeito do incidente e a educação no Rio de Janeiro.
O texto foi publicado na edição de hoje (16/09) do jornal O Globo (página 7). A imagem abaixo foi scaneada do próprio jornal.
Entre as fotos publicadas na semana passada na primeira página do jornal, há duas, de Marcelo Piu, que eu elegeria como das mais emblemáticas e cujo título poderia ser "O passado bate à porta". Elas relembram uma cena comum nos anos de chumbo, quando reivindicações e manifestações de protesto, principalmente vindas de setores da inteligência, eram sempre reprimidas com violência. Numa, um PM apontando a pistola e pronto a disparar contra o inimigo parecia ter à sua frente um bando de baderneiros ou perigosos bandidos, e não profissionais com a missão, árdua e mal remunerada, de educar crianças em geral, inclusive os filhos dos que estavam atrás daquelas armas. Eram professores, onze dos quais saíram feridos, como aquele da outra imagem, que é carregado com um furo sangrando na coxa. Sei que a polícia alega que revidou a provocações, mas será que não teria sido possível dialogar com eles, antes do emprego de uma truculência mais adequada a um campo de batalha? Acho que sim, tanto que, no auge da confusão, alguns deputados conseguiram acalmar os ânimos, usando a conversa em vez do revólver, do cassetete e das bombas de efeito moral.
Não quero entrar no mérito da questão, já que os dois lados pretendiam ter razão — os professores com seu pleito de acrescentar mais uma merrequinha a um salário aviltante, e o governo alegando o impacto negativo que a medida causaria nas suas contas. Uma coisa, porém, ficou mais uma vez demonstrada: a manutenção da ordem urbana está entregue ao despreparo e ao desequilíbrio emocional da nossa polícia, que não sabe que essa não é a maneira de tratar qualquer classe, muito menos a dos professores. O governo estadual deveria dedicar um pouco mais de carinho aos nossos mestres. Sou do tempo em que as moças queriam ser "normalistas", isto é, fazer o curso de preparação para serem professoras. A carreira era muito disputada e exaltada em prosa e verso: "Vestida de azul e branco,/trazendo um sorriso franco/num rostinho encantador,/minha linda normalista/rapidamente conquista/meu coração sem amor" (Benedito Lacerda e David Nasser). Hoje, o magistério deixou de ser uma profissão convidativa. Calcula-se que só na capital há 16.800 tempos de aula vagos, o que significaria um déficit de 1.400 profissionais. Também!, além de ganhar pouco, professor no Rio, se for para a rua reclamar, corre o risco de apanhar.
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Pelo visto, o musical "O despertar da primavera", grande sucesso da estação, é capaz de continuar assim até o verão. Na noite em que fui assisti-lo, as palmas entusiasmadas de uma plateia composta majoritariamente de representantes da chamada terceira idade demonstravam que o espetáculo empolga não apenas os jovens, mas também e curiosamente os que estão sentindo ou já sentiram o despertar do outono.
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