A outra reportagem relacionada à migração (externa ou internacional) aconteceu no México. Contudo, diferentemente dos fatos que vêm se sucedendo na França, com os imigrantes mulçumanos, ciganos e outros, o fato ocorrido em território mexicano teve um desfecho bem mais trágico para 73 imigrantes latino-americanos (de diferentes nacionalidades, El Salvador, Honduras, Equador e Brasil), que almejavam entrar ilegalmente, nos EUA, através do estado do Texas.
No caminho destes, tal como já vem ocorrendo no país, um grupo de homens fortemente armados, integrantes do Cartel de drogas Los Zetas, os interceptou e os sequestrou, conduzindo-os para um rancho nos arredores de San Fernando, no estado de Tamaulipas (nordeste do México), a 180 Km da fronteira com o Texas.
Após oferecerem o pagamento quinzenal de US$ 1 mil para que os imigrantes clandestinos trabalhassem para a organização e, destes, receberem uma recusa, os imigrantes latino-americanos foram executados. Apenas um imigrante equatoriano sobreviveu, Luis Fredy Lala Pomavilla, que mesmo baleado na garganta, se fingiu de morto. Este conseguiu se arrastar e pedir socorro a um Posto de Controle da Marinha próximo do local.
Com a chegada dos fuzileiros ao rancho houve um novo confronto, no qual – segundo informações da própria Marinha - resultou em mais quatro mortes (3 bandidos e 1 oficial).
Esta notícia causou forte indignação mundial, não só pela barbárie em si, diante do assassinato de 72 imigrantes (58 homens e 14 mulheres), como também pelo poder paralelo do narcotráfico no país.
Entre os imigrantes foi cogitada a existência de quatro brasileiros, mas - até o momento presente - apenas o corpo de um brasileiro foi identificado, o de Juliard Aires Fernandes (20 anos), de Minas Gerais. Todavia, os documentos de outro brasileiro, Hermínio Cardoso dos Santos (24 anos), também de Minas Gerais, foram encontrados, mas o seu corpo ainda não foi identificado.
O Brasil acredita que somente estes dois brasileiros estavam no grupo.
Esta notícia causou forte indignação mundial, não só pela barbárie em si, diante do assassinato de 72 imigrantes (58 homens e 14 mulheres), como também pelo poder paralelo do narcotráfico no país.
Entre os imigrantes foi cogitada a existência de quatro brasileiros, mas - até o momento presente - apenas o corpo de um brasileiro foi identificado, o de Juliard Aires Fernandes (20 anos), de Minas Gerais. Todavia, os documentos de outro brasileiro, Hermínio Cardoso dos Santos (24 anos), também de Minas Gerais, foram encontrados, mas o seu corpo ainda não foi identificado.
O Brasil acredita que somente estes dois brasileiros estavam no grupo.
Ocupando a 53ª posição (0,854) no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), isto é, na categoria de países de nível elevado, o México vive uma situação bastante distinta em termos de qualidade de vida alta, sobretudo, em relação à segurança pública.
O crime organizado, os cartéis do narcotráfico e as guerras travadas entre estes na disputa por territórios e de rotas para os EUA não são fatos recentes e atingem várias regiões dentro do país.
Só para se ter uma ideia, do final de 2006 até hoje, a violência do narcotráfico já causou mais de 28.000 mortos.
Vítima de críticas quanto a sua política de segurança, o presidente do México, Felipe Calderón, reprime com força os cartéis do narcotráfico no país, bem como as demais atividades ilegais que estes se encontram associados (prostituição, tráfico de pessoas, de armas, imigrantes ilegais etc.).
O que aconteceu com os 72 imigrantes ilegais, na semana passada, já virou uma atividade criminosa - rotineira - por parte do narcotráfico. Eles capturam os imigrantes com vários objetivos, os quais podem ser para roubar o dinheiro dos mesmos, pedir resgate às famílias após o sequestro, obrigá-los a se passarem como “mulas” para levar cocaína para o outro lado da fronteira (EUA) ou, ainda, recrutá-los como “capangas” para a organização criminosa.
Desde o início deste ano, o estado de Tamaulipas, na região nordeste do país, onde os 72 imigrantes ilegais foram executados, se tornou um campo de guerra entre os cartéis Los Zetas e do Golfo, pela disputa de território, que constitui uma das rotas para a entrada nos EUA.
Os Zetas eram membros das forças de elite do Exército do México, treinados para combater os zapatistas no estado de Chiapas, ao Sul, um dos mais pobres do México.
Estes passaram para o outro lado e caíram no crime organizado, nos anos 90, unindo-se ao cartel do Golfo, com o qual - hoje - disputam.
O grupo, formado por 40 soldados desertores, foram recrutados pelo então tenente Arturo Guzmán para criar os anéis de segurança de Osiel Cárdenas, o chefão do cartel do Golfo.
Osiel Cárdenas foi preso e extraditado, em 2007, para os EUA, onde permanece preso, até hoje. Na época da captura de Cárdenas, os membros os "zetas" entraram na disputa pelo controle do cartel do Golfo.
Apesar dos cartéis do narcotráfico estarem espalhados nas diversas regiões do país, hoje, a região nordeste é a que apresenta os mais fortes conflitos entre as organizações criminosas que disputam o poder sobre os territórios.
Além de Tamaulipas, os estados de Nuevo León e Coahuila fazem fronteira com os EUA, formando um grande corredor que se estende por todo o litoral do golfo do México. Esta região junto com a península de Yucatán e a faixa da fronteira do país com a Guatemala e Belize consiste na zona de domínio do cartel Los Zetas, considerado um dos mais temidos no país.
A cidade mexicana considerada a mais violenta do país, em decorrência dos cartéis dos narcotráfico, é a Ciudad Juarez. Localizada no estado de Chihuahua (região norte), esta também faz fronteira com o Texas e é disputada pelos cartéis de Juárez e de Sinaloa.
No ano de 2009, na referida cidade, foram registrados mais de 2.660 homicídios e, neste ano, já são foram contabilizados 1860, A grande maioria associada à disputa pelo controle da região por ambos os cartéis (Juárez e Sinaloa).
Embora a cidade El Paso, no Texas, fronteira com Ciudad Juárez (México), seja considerada a segunda mais segura dos EUA, o governo estadunidense já enviou 1.500 oficiais para a fronteira, a fim de garantir a segurança.
O governo do México, por sua vez, acusa os EUA por contribuir e favorecer o narcotráfico no país, uma vez que não há uma política rigorosa - por parte destes - no combate ao tráfico ilegal de armas que ocorre entre os EUA e o México.
. Jornal O GLOBO (26/08/2010 - Seção O Mundo - página 35);
. Jornal O GLOBO (27/08/2010 - Seção O Mundo - página 41);
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