terça-feira, 7 de setembro de 2010

7 de Setembro: Dia da Independência do Brasil

A crônica abaixo, eu descobri por um acaso, pesquisando na Internet algo (mensagem, frase, poesias etc.) sobre o Dia da Independência do Brasil, que é comemorado no dia 7 de setembro, amanhã.

Quando a li, dois fatos me vieram à cabeça, tal como relata o autor; primeiro, o meu tempo do antigo primário e ginásio, período de regime militar no país, quando todos nós, alunos, tínhamos que marchar, devidamente uniformizados, sapatos bem engraxados, meias 3/4, luvas brancas e uma faixa com o nome da escola sendo carregada por alunos na comissão da frente; segundo, comparei a postura dos atuais alunos diante da mesma situação (desfile de 7 de setembro) ou quando cantam o Hino Nacional, todas às 2ª feiras, conforme determina a Resolução assinada pela Secretária Municipal de Educação, Cláudia Costin, publicada no Diário Oficial de 27 de maio de 2009.

Deixando de lado, a discussão se esta medida (obrigatoriedade da execução e canto do Hino Nacional) é certa ou não; se ela faz realmente sentido no propósito de resgatar valores cívicos, uma coisa é notória, somente uma minoria dos alunos se comporta inadequadamente na hora de cantar o hino (seja em termos de postura ou de não cantar), pelo menos, na escola municipal em que trabalho.

Muitos alunos reclamam, não resta dúvida! Até porque, eles têm que descer da sala para formar no pátio e cantar, mas quando chega no momento da execução do hino, a maioria canta e apresenta uma postura correta (em pé, braços estendidos ou com a mão no peito).

Agora, quanto ao Hino da Independência, acho difícil que todos saibam a letra toda. Mas, este fica para a postagem a seguinte. Vamos voltar à crônica...

Imagem capturada na Internet (Fonte: UOL Notícias)




O DIA DA INDEPENDÊNCIA (Crônica-aguda)


Marcio Funghi de Salles Barbosa



Lembro da minha primeira “parada”. Era assim que se chamava o desfile do Dia da Independência. Eu fazia a quarta série do primário e só a partir desta idade, mais ou menos dez anos, era permitido desfilar.

À tarde do dia seis iniciei meus preparativos, engraxando os sapatos pretos, até ficarem brilhando. As meias pretas de 3/4 foram postas esticas sobre a banqueta do quarto; em cima delas uma calça comprida azul, com vincos perfeitos e num cabide, a camisa branca de manga comprida, com o bordado no bolso, onde se lia “Grupo Escolar Lúcio dos Santos”. Era todo o uniforme.

Dois meses de treinamento de marchas e fanfarra acompanhando, além das professoras inseminando-nos um patriotismo maravilhoso, onde o gesto de desfilar na “parada” era explicado como um tributo à nossa Pátria (em maiúscula mesmo), nosso berço, que deveria ser reverenciada e defendida com a própria vida.

Depois desta primeira “parada”, todos os outros asteamentos de bandeira que se faziam diariamente no pátio do grupo, passaram a ter um significado tão importante para mim, que me emocionam até hoje.

As nossas professoras, salvo exceções, iam à parada bem vestidas, perfumadas e nos sentíamos envaidecidos de estarmos ali. No palanque oficial, o governador, o prefeito e as demais autoridades, rendiam homenagens a nós e sentíamos como era bom ter funcionários diligentes, como eles.

Àquela época, percebo hoje, já existiam demagogos, como José Maria Alkmin, Tancredo Neves e o próprio Getúlio Vargas. Mas eles sabiam arrebatar as platéias. Eram cultos, usavam o discurso para nos enlevar. Tinham respostas para os adversários e para as questões dos eleitores.

Hoje, vejo os meninos indo para os “desfiles de 7 de setembro” com o mesmo entusiasmo que íamos à “parada”. Só que aos 14 anos, começam a ter vergonha de participar. Vêem com enfado as festas e muitos não sabem sequer cantar o Hino Nacional inteiro.

Os políticos dos nossos tempos continuam demagogos. Só que sem cultura. Ao participarem de comícios e debates, conjugam verbos estranhos, como o “ponhar”, não sabem o que responder e saem pela tangente, respondendo abobrinhas.

Será que o patriotismo não está em declínio, porque temos dirigentes incompetentes? Não será que estamos confundindo Pátria com esses pretensos donos dela? Porque será que eles se apossam ditatorialmente de seus cargos, sem ver que são nossos empregados?

Tenho certeza de que tudo isto ocorre, porque estamos ficando cada dia mais incultos, fechados. Estamos deixando, por omissão, que verdadeiros doentes mentais se candidatem e exerçam o mandato em nosso nome.

No fundo mesmo, o que estou esperando no próximo Dia da Independência, é que consigamos refletir sobre estes problemas e nos comprometamos com o patriotismo que ainda nos resta, de forma a buscarmos o melhor para este país, que ainda é dependente em ignorância, sobretudo.

Fonte: Recanto das Letras


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