domingo, 11 de novembro de 2018

Fuga de Cérebros ou Fuga de Capital Humano

Fuga de Cérebros ou Fuga de Capital Humano (brain drain)
Imagem capturada na Internet


Aproveitando o tópico da última postagem sobre migrantes...
 
Vários podem ser os motivos, mas não restam dúvidas que a instabilidade econômica (crise financeira e econômica) do país e, consequentemente, a falta de investimentos em diversas áreas de produção científica e tecnológica se constitui em um dos mais principais fatores de emigração (saída) de indivíduos com alto grau de conhecimento técnico e científico, como pesquisadores e cientistas, para os países desenvolvidos.
 
O movimento migratório desse emigrante, com esse perfil – altamente habilitado (diplomado) e detentor de nível de conhecimento elevado - é chamado de “fuga de cérebro” ou “fuga de capital humano” (em inglês, “brain drain”).

Outros fatores também justificam a migração internacional, sob esse contexto de “fuga de cérebros”, tais como: instabilidade política, guerras civis, conflitos armados, conflitos étnicos, epidemias, entre outros.

De acordo com artigo do colunista do Leiaja, DINIZ, Janguiê, publicado em 04/04/2018, o termo “brain drain (“fuga de cérebro”) foi criado pela Royal Society of London for the improvement of natural knowledge (Real Sociedade de Londres para o melhoramento do conhecimento natural). O ano não foi citado, só o da fundação da respectiva Instituição, que é datada de 1660.

Embora, a “fuga de cérebros” seja um fenômeno bem documentado nas migrações externas ou internacionais (entre países), ela também ocorre no âmbito do território nacional, podendo ser uma migração inter-regional (de uma região para outra) ou intra-regional (dentro da mesma região, de um estado para outro).
 
Em geral, os fatores de atração perpassam pelas melhores oportunidades e condições de desenvolver o seu trabalho científico, pelo reconhecimento de sua atuação na área, pela obtenção de uma remuneração mais compatível com a sua produção, entre outros fatores.

Não restam dúvidas que o fluxo migratório que mais chama a atenção e incide em uma discussão maior é a internacional, mesmo sabendo que nos países de destinação (países receptores como os os da Europa e os EUA) há um quantitativo amplo de pesquisadores e cientistas de alto nível, tal como afirma DINIZ quanto a este último,


É importante registrar que os EUA,
mesmo tendo o maior número de cientistas em seu território,
são o maior receptador dos melhores cérebros do mundo,
visando desenvolver novas tecnologias de ponta
para que possam ser patenteadas naquele país.
Não é à toa que a maioria das inovações tecnológicas
tiveram origem naquele país, principalmente
no Vale do Silício e Califórnia,
embora tenham sido criadas por estrangeiros,
principalmente de nacionalidades indianas,
árabes, europeus, latinos, inclusive brasileiros,
residentes naquele país.”
 
Daí a “fuga de cérebros” ter efeitos sobre os dois lados, isto é, em ambas as partes, a de saída (emigração) e a de entrada (imigração). Efeitos antagônicos, por sinal!

Por um lado, a emigração desses profissionais - altamente especializados - deixa o país carente de recursos humanos deste nível, comprometendo e prejudicando o desenvolvimento das linhas de pesquisa e de tecnologia nas respectivas nações de origem. Por outro lado, a imigração acaba sendo benéfica para os países que os recebem (países receptores) em virtude da atuação dos mesmos nestas áreas de desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias de ponta.


Contudo, há alguns especialistas que apontam que para o país dispersor (emigrante) há também a possibilidade da “fuga de cérebros” trazer benefícios no futuro, isto é, a partir do momento que os emigrantes retornem para os seus respectivos países de origem, nos quais poderão trabalhar e aplicar toda a bagagem adquirida em termos de experiências e de aprimoramento técnico-científico.

Mas, para que isso ocorra, é necessário que o país de origem, o mesmo que o afugentou a migrar, esteja passando por um período de estabilidade econômica, com a verificação de investimentos – tanto público quanto privado – em projetos científicos, capazes de os reconhecer e valorizar como importante “capital humano”.

Como se sabe, a crise econômica e financeira em nosso país tem relação direta com esses fluxos migratórios, cuja situação se agravou – nos últimos anos - mediante os cortes drásticos do Governo – nas três instâncias do poder (Federal, Estadual e Municipal) - no orçamento das áreas da Ciência e da Tecnologia.


Sob esse contexto, DINIZ afirma,


 As fugas de cérebros são extremamente comuns
entre os países mais pobres do planeta,
e também entre as nações em desenvolvimento,
como países africanos, ilhas do Caribe, países da América latina,
além do Brasil, onde existe carência de investimento em pesquisa da ciência e tecnologia,
e por via de consequência as habilidades e competências
não são valorizadas e recompensadas monetariamente.” 
E ele acrescenta ainda que,
Primeiramente, é importante asseverar que gastos
com inovação e pesquisa da ciência e tecnologia
não são gastos, são investimentos,
pois ajudam o país a se desenvolver.”
 
Com isso, há anos, vários pesquisadores brasileiros deixaram e estão deixando o nosso país, na intenção de assegurar a continuidade de seus projetos de pesquisa em um país desenvolvido, seja os EUA ou na Europa.

O caso que ganhou maior repercussão no meio acadêmico, científico e nas mídias, em 2016, foi o da pesquisadora e neurocientista brasileira, Suzana Herculano-Houzel, que trabalhava no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


 
Pesquisadora Suzana Herculano-Houzel
Imagem capturada na Internet
 
A referida pesquisadora deixou o Brasil para trabalhar nos Departamentos de Psicologia e Ciências Biológicas da Universidade Vanderbilt, situada em Nashville (Tennessee – EUA), justamente, por esse mesmo motivo, ou seja, devido aos cortes de investimentos do Governo Federal nas áreas de pesquisas e a situação caótica criada em consequência da falta de recursos financeiros nas Universidades e Instituições de Pesquisa.

Além desse problema em termos de cortes e de baixos investimentos, por parte do Governo, Janguiê Diniz aponta, também, a falta de conexão entre as Universidades e as Empresas, sob o sistema de parcerias, faz com que tais pesquisas não sejam efetivamente poupadas de cortes ou de interrupções em seus desenvolvimentos.

Fontes de Pesquisa


. DINIZ, Janguiê. Como evitar a evasão de nossos cientistas (brain drain ou fuga de cérebros) - Leiajá

. Material Didático particular

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