segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Início de Ano Turbulento nos Estados Unidos

 

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O ano mal começou e um fato, sem precedente, na história política dos Estados Unidos abalou a capital do país, Washington D.C., bem como todo o território estadunidense, surpreendendo o mundo inteiro 

Considerado como tentativa de Golpe de Estado, esse episódio ocorreu na 4ª feira passada, dia 06 de janeiro, quando diversos manifestantes, apoiadores do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vindos de diversos estados se uniram e invadiram o Capitólio (o Congresso dos EUA), localizado na capital estadunidense, interrompendo a sessão de contagem final dos votos que iria oficializar a vitória do presidente eleito Joe Biden, cuja posse irá ocorrer no dia 20 deste mês.  

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Fonte: S//Mundo 

O que foi transmitido pelas mídias foram cenas de grande violência e de desrespeito à democracia, protagonizadas por grupos supremacistas brancos sob a influência direta do presidente Donald Trump, que sempre incitou e alimentou este tipo de conduta e de ideias em seus discursos.  




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Fonte: S//Mundo   

E, como é de conhecimento geral, o presidente Donald Trump nunca aceitou a sua derrota na última eleição presidencial do país, ocorrida em 03 de novembro de 2020, quando pleiteou a sua reeleição. Ele perdeu tanto no voto popular quanto no colégio eleitoral para o seu adversário do Partido Democrático, Joe Biden 

Trump colocou em dúvida a lisura do resultado, alegando que houve fraude, sem – contudo – apresentar provas. E, desde então, o seu discurso sempre foi este, infundindo a sua suposta vitória sobre o democrata e a ideia de fraude eleitoral.  

Donald Trump é o quinto presidente estadunidense a ser rejeitado nas urnas para reeleição e, dentre estes, o quarto republicano. Os quatro candidatos, anteriores a ele, que fracassaram e não conseguiram ser reeleitos foram: o republicano Herbert Hoover (1932), o republicano Gerald Ford (1976), o democrata Jimmy Carter (1980) e o republicano George H. W. Bush (1992).  

No entanto, o seu poder de convencimento sempre foi grande entre os seus seguidores e, em virtude disso, mesmo com a vitória de Joe Biden (46º presidente dos EUA), o país se encontra dividido, tendo forte e ativo o chamado movimento “trumpismo”.  

Por isso era de se esperar alguma reação por parte de Trump e, sobretudo, por seus apoiadores, neste dia.  

E essa sua forte influência e poder de persuasão sobre estes chegou ao extremo na última quarta-feira, movidos pelas redes sociais e pelo discurso inflamado em seu comício, no mesmo dia, antes do episódio no Capitólio. Foi ele mesmo que sugeriu que os seus seguidores marchassem até o Congresso. 

E assim, eles fizeram...  

Após transgredirem as barreiras policiais, os manifestantes pró-Trump invadiram o Congresso (Capitólio), quebrando janelas e portas. Por várias horas, de acordo com as mídias, eles saquearam e danificaram várias partes do prédio. Muitos manifestantes estavam caracterizados com trajes distintos, portavam faixas da campanha presidencial de Trump e, também, bandeiras dos Estados Confederados, estas últimas símbolos de extrema direita 

A ação dos policiais federais evitou que o ataque tivesse consequências maiores e mais graves. Mas, mesmo assim, o resultado foi nefasto: cinco pessoas morreram, sendo quatro manifestantes e um policial do Capitólio. 

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Fonte: BBC News 

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Fonte: S//Mundo   

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Fonte: BBC News  

Para alguns especialistas e políticos, a invasão ao Congresso dos EUA por manifestantes Pró-Trump foi um ato de “terrorismo doméstico”, pois o mesmo ocorreu de sob força violenta, por um grande grupo de pessoas (terroristas domésticos), cuja intenção era desorganizar as Instituições e fragilizar o poder do próprio estado em que vivem (JUSTO, Exame).

Em entrevista à BBC News Mundo, Steven Levitsky, professor de governabilidade da Universidade Harvard, disse que a invasão do Capitólio pelos apoiadores de Trump foi uma "tentativa de autogolpe". E que "a grande diferença entre esse autogolpe e os autogolpes na América Latina é que Trump foi completamente incapaz de obter o apoio dos militares" e "um presidente que tenta permanecer no poder ilegalmente sem o apoio dos militares tem poucas chances de sucesso".  

Outra referência à América Latina citada também neste episódio e polêmica foi a comparação feita, por muitos políticos e jornalistas, inclusive, pelo ex-presidente do país, George W. Bush, dos EUA a uma “República das Bananas”.

Essa expressão, atualmente, se refere a países da América Latina, “marcados pela monocultura e dotados de instituições governamentais fracas e corruptas, nos quais uma ou várias empresas estrangeiras tem o poder de influir nas decisões nacionais” (BBCNews).

A vitória do presidente eleito, Joe Biden, foi – finalmente – confirmada na manhã do dia seguinte (07/01). E, embora, o presidente Trump tenha dito que deixará o cargo e que a transição será ordeira, os seus seguidores já anunciaram que haverá novos protestos e ameaçaram com novos “distúrbios” no dia da posse de Biden, em 20 de janeiro. 

De acordo com as últimas notícias, mais de 90 pessoas, ligadas à invasão do Capitólio, já foram identificadas e presas. Inclusive, no sábado passado (09/01), foi a vez de Jacob Anthony Angeli Chansley, mais conhecido como Jake Angeli, que foi considerado, por algumas mídias, o símbolo da invasão ao Capitólio. Este se destacou por seu traje inusitado: sem camisa, com o rosto pintado com as cores da bandeira dos EUA (vermelho, azul e branco), um gorro de pele de urso enfeitado com dois chifres na cabeça. 

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Além das prisões efetuadas pelo FBI (polícia federal norte-americana), muitas empresas estão demitindo seus funcionários em caso de envolvimento com a invasão.

O Professor Associado da Faculdade de Direito da USP, Alberto do Amaral Júnior, ressalta que esta insurreição, ocorrida no Congresso dos Estados Unidos, pode desencadear efeitos nocivos e similares em outras nações, incentivando lideranças autoritárias a também se organizarem e promoverem manifestações contra a democracia em seus respectivos países.  

Ele cita, como exemplo, o nosso presidente Jair Bolsonaro,

Ele já organizou, no ano passado,

manifestações contra o Congresso,

e nada impede que, no futuro, 

estimulado por ações como essa,

ele tente repetir atos semelhantes no Brasil”


Fontes

. ALVES, Maíra. Pesquisas, protesto e invasão: entenda o que ocorreu em Washington nesta quarta – Correio Braziliense  

. Após ataque ao Capitólio, secretário de Estado nega que EUA seja uma 'república das bananas' – Mundo ao Minuto  

. EUA: Após invadir Capitólio, militantes de extrema direita marcam novos protestos – Carta Capital  

. JUSTO, Gabriel. Invasão ao Capitólio incitada por Trump é considerada “terrorismo doméstico” – entenda - Exame  

. LOVERA, Patricia Sulbarán. Autogolpe de Trump fracassou por não ter apoio militar, diz Steven Levitsky, autor de Como as Democracias Morrem - BBC News

. Mais de 90 são presos nos EUA por invasão ao Capitólio – Poder 360  

. MILITÃO, Bruno. “Invasão do Capitólio configura tentativa de golpe de Estado” – Jornal da USP  

. RALHA, Leonardo. “Homem dos chifres” da invasão do Capitólio detido nos Estados Unidos – O JornalEconômico  

. SAID, Flávia. Cinco pessoas morreram durante invasão ao Congresso dos EUA, diz polícia – Metrópoles

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