domingo, 20 de fevereiro de 2022

Petrópolis sofre com Temporal de Caráter Excepcional

 

Rua Teresa - Fonte: G1

Foto: Marcos Serra Lima/g1

Infelizmente, mais um episódio trágico associado às fortes chuvas atingiu o Rio de Janeiro, mais especificamente, o município de Petrópolis, na Região Serrana do estado. 

Embora, outros casos semelhantes tenham ocorridos nos anos anteriores, durante a mesma estação, isto é, no transcorrer do verão, o temporal que castigou a cidade de Petrópolis no dia 15 de fevereiro deste ano foi bastante atípico, se comparado aos seus antecedentes, registrados nos outros verões fluminenses. 

De acordo com os meteorologistas, no referido dia do temporal, choveu 259 mm em 6 horas, o que significou que, em um período de tempo curto (6 horas), o nível das chuvas foi superior ao esperado para o mês inteiro de fevereiro, que era de 238 mm, segundo os especialistas. 

De acordo com reportagem do G1, até o início da tarde de hoje (19/02), os dados divulgados, acerca do temporal que atingiu Petrópolis na 3ª feira passada, conta com 152 mortos, 165 desaparecidos e 967 pessoas desabrigadas. 

Devido a situação caótica da cidade Petrópolis durante e após o forte temporal, eu aproveitei para iniciar as minhas aulas, junto aos alunos do Ensino Médio, falando deste episódio e de sua excepcionalidade, bem como da importância de se conhecer a Geografia sob diferentes escalas (local, regional e nacional). 

A sua excepcionalidade se deu por conta de vários fatores associados, entre os quais pode-se destacar:

         . Estação do ano: Verão (estação mais quente e chuvosa);

         . Sítio Urbano: Serra (topografia acidentada, declivosa);

         . Intensificação de seus efeitos: a chegada de uma frente fria vinda de São Paulo, a umidade oriunda do oceano Atlântico e, também, da região Amazônica (Rios Voadores);

         . Sistema Nacional de Habitação: Deficitário (embora sua meta seja, a nível nacional, assegurar o acesso à habitação digna, este não atende à demanda) e, com isso, há...

         . Ocupação irregular e desordenada, sobretudo, em áreas de risco (encostas e margens de rios);

. Desmatamento da vegetação local, o que acarreta a retirada da proteção natural do solo, proporcionando, ao mesmo tempo, que o mesmo fique encharcado de água;

. Grande susceptibilidade (vulnerabilidade) do solo: Como as nossas condições climáticas (predomínio do clima tropical) favorece a intensa ação do Intemperismo Químico, as nossas encostas se caracterizam por um forte grau de instabilidade (deslizamentos de terras e outros processos erosivos);

. Falta de fiscalização e de uma política séria de remoção de moradores (mais vulneráveis) das áreas de riscos para outros espaços.                                                                                                                 

Com tudo isso, anualmente e, em especial, a Geografia do Rio de Janeiro aliada às chuvas típicas do Verão convergem para este caos socioambiental, o qual poderia ser evitado e/ou amenizado se o Poder Público brasileiro atuasse como deveria atuar.  

Como já mencionei em outros artigos publicados neste espaço acerca de eventos climáticos similares a este, é uma pena que as Ciências, como a Geografia, a Geologia e outras não são levadas a sério quanto as suas respectivas contribuições científicas e técnicas na hora de planejar e executar obras urbanas 

Não se tratam de eventos irregulares, tendo em vista que estes são constantes nesta época do ano. Podem até apresentar, de um ano para o outro, um fato excepcional, mas estes já são tragédias anunciadas mediante a falta de medidas políticas preventivas e outras, capazes de amenizar a intensidade destes eventos e seus efeitos nefastos à população local.   

Os estudos e as pesquisas realizados pelas Universidades e/ou Instituições públicas e/ou privadas precisam ter uma aplicabilidade social conforme à dinâmica ambiental da área e de sua realidade socioeconômica.  Contudo, quando os mesmos se propõem a isso, estes não são considerados e aplicados pelos governos, em todas as esferas de sua abrangência (municipal, estadual e federal).  

As ruas do Centro Histórico da cidade de Petrópolis e de outros bairros ficaram alagadas e, muitas delas cheias de destroços provenientes da destruição de residências, de estabelecimentos comerciais e outros. 

De acordo com o governo estadual, divulgado nas mídias, este temporal foi o pior evento ocorrido na cidade desde 1932, ou seja, em 90 anos. 

Mais uma vez, as cenas se repetem... Tristes histórias são escritas e contadas por efeito da dor quanto à perda de um ente querido, familiar ou não e, também, mediante as perdas materiais!  

Imagens capturadas na Internet para fins ilustrativos

Fonte: G1 - Fotos de Marcos Serra Lima/g1











Fontes de Consulta  

. BARIFOUSE, Rafael Barifouse. 'Rio voador', o fenômeno climático que ajuda a explicar tragédias no Brasil - BBC News Brasil  

. Infográficos: Chuva catastrófica destrói Petrópolis em poucas horas – G1  

. Petrópolis: mortes chegam a 110; novo deslizamento gera alerta - AgênciaBrasil 

. RIANELLI, Erick Rianelli et al. Número de mortes após chuva em Petrópolis sobe para 152 – G1/Região Serrana

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