Imagem capturada na Internet Fonte: Minhas Notas no Facebook |
O mundo e, principalmente, a Europa se encontra em alerta diante de uma crise instaurada e as ameaças eminentes de uma guerra a partir da invasão de tropas russas em território ucraniano.
Este clima de instabilidade política vem se expandindo desde março do ano passado, mas as tensões se intensificaram no final de 2021 e, sobretudo, agora, em 2022, sob o prenúncio desta invasão da Rússia.
Segundo a reportagem exibida, ontem (12/02), no Jornal Nacional (Globo), o presidente russo, Vladimir Putin, após conversa ao telefone com o Joe Biden (presidente dos EUA), se contrapôs ao clima de tensão à crise russo-ucraniana, alegando que há certa histeria por parte dos Estados Unidos e que o governo estadunidense está, na verdade, criando um pretexto para a guerra.
Especialistas afirmam que os EUA não vão se arriscar a provocar um conflito armado direto com a Rússia, capaz de gerar uma 3ª Guerra Mundial, tendo em vista – sobretudo - que ambos são potências nucleares. E nós sabemos que uma guerra representa muito mais que uma resposta direta a um ataque ao seu adversário. Representa caos total, insegurança local, regional e até mundial, perdas econômicas, materiais e, sobretudo, humanas (militares e civis).
Contradizendo o discurso de Putin, as imagens das áreas fronteiriças entre a Rússia e a Ucrânia sustentam e justificam este temor, tendo em vista que há uma grande mobilização de forças militares russas e veículos de guerra (tanques, navios e submarinos), enfim, uma disposição de armas pesadas nos limites fronteiriços entre eles.
Observa-se também treinamento militar, por parte da Ucrânia, voltado para esta possível invasão russa.
Além disso, vários países e até a própria Rússia orientaram os diplomatas e cidadãos de seus respectivos países a deixarem a Ucrânia.
Diante deste cenário, a impressão que passa para todos é de que um ataque eminente da Rússia à Ucrânia se aproxima rapidamente.
A crise instalada entre os respectivos países não é de agora, ou seja, não é tão recente assim. Para quem se lembra, em 2014, ambas nações se enfrentaram em um conflito pela disputa sobre a Crimeia, localizada entre Moscou (capital da Rússia) e o Ocidente (Kiev, a capital da Ucrânia e países ocidentais). Eu, inclusive, postei um artigo neste espaço, “Entenda a Crise da Ucrânia e da Crimeia” (veja AQUI).
Em ambas as situações, no passado com o conflito de 2014 e na atual conjuntura (2021-2022), os conflitos gerados nos remetem ao período da Guerra Fria, ora pelo envolvimento direto da Rússia (ex-república soviética) ora pelo levante e posições opostas de forças entre o Ocidente e o Oriente.
O que se encontra, como “pano de fundo”, do atual conflito é justamente essa intervenção direta da Rússia no país, desde 2014. O governo russo, em discursos embasados em supostas “garantias de segurança”, após a anexação da península da Crimeia em seu território, prosseguiu com dois projetos de Tratados, os quais incluía um compromisso juridicamente vinculativo de que a Ucrânia não se atrelaria à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), assim como a sua redução nas tropas da OTAN e de equipamentos militares situados na Europa Oriental. E, ainda, ameaçava como resposta militar (não especificada) no caso destas determinações não fossem respeitadas e seguidas integralmente.
Tanto os Estados Unidos quanto outros membros da OTAN repudiaram esses projetos e ameaçaram o governo russo acerca de sanções econômicas ao país, no caso de invasão ao território ucraniano.
Embora, várias negociações diplomáticas tenham sido realizadas entre os EUA e a Rússia, inclusive, em janeiro deste ano, estas não foram bem sucedidas em termos de resolver e colocar um fim em tais impasses. Com isso, a atual crise envolvendo a Rússia e a Ucrânia está sendo considerada como uma das mais intensas desde o período da Guerra Fria (1947 a 1991).
Daí muitos se referirem aos riscos de uma nova Guerra Fria ou, dependendo de seu raio de abrangência de ameaça direta e/ou indireta, a uma III Guerra Mundial...
Ucrânia
Localização da Ucrânia na Europa Oriental Imagem capturada na Internet Fonte: Esquerda Diário |
As raízes das crises por quais a Ucrânia passou
e que, atualmente, vem enfrentando se encontram em seu passado, isto é, em seu processo
histórico desde o seu ingresso, em 1922, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS), no conjuntura da Guerra Fria (1947 a 1991), a anexação da península
da Crimeia (que fora território russo desde o século XVIII) ao seu
território por Nikita Khruschtov (Secretário-Geral do Partido Comunista da URSS),
em 1954
e na sua independência
como Estado-Nação após o desmantelamento da URSS e, ao mesmo tempo, com o fim da
Guerra Fria (1991), bem como no mais recente episódio da anexação da
península da Crimeia ao território russo (2014).
Em razão deste seu processo histórico, pode-se dizer que a Ucrânia – em termos étnico-culturais - é uma “colcha de retalho”.
As regiões Leste e Sul do país apresenta população majoritariamente russa, marcada por suas tradições e, principalmente, a língua, estando ligada consequentemente à Rússia. A sua parte Ocidental (Oeste) é possui herança austríaca, havendo fortes laços culturais e econômicos com a Polônia. Em sua parte Central, onde se encontra a capital do país (Kiev), se verifica uma mistura desses povos.
Situado no Sudeste da Europa (Europa Oriental), sua localização geográfica é de grande importância geopolítica, pois o país se encontra entre a zona de influência da União Europeia e a da Rússia, permitindo também fácil acesso ao Mar Negro e, a partir deste, ao Mar Mediterrâneo.
De mais a mais, não podemos deixar de mencionar a sua importância geopolítica como "zona tampão" para Moscou, a qual remonta desde a época da invasão napoleônica (1812), nas palavras de George Friedman, da Geopolitical Futures, citado por BERMÚDEZ, Ángel (2022).
"A Ucrânia é a fronteira ocidental da Rússia.
Quando os russos foram atacados pelo oeste durante a
Primeira Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial,
foi o território da Ucrânia que os salvou.
Inimigos tinham que percorrer mais de 1,6 mil quilômetros
para chegar a Moscou.
Se a Ucrânia cair nas mãos da OTAN,
Moscou estaria a apenas 640 quilômetros deles.
Foi a Ucrânia que salvou os russos de Napoleão.
Portanto, se trata de uma zona de segurança
que eles querem manter".
Economicamente, o país se destaca na produção de trigo, tendo sido considerado o "celeiro” da Europa, graças à boa e grande produtividade de seus solos férteis (Tchernoziom). Seu potencial econômico vai mais além, seja por sua riqueza em minério de ferro, carvão, manganês, magnésio, níquel, entre outros recursos minerais e vegetais, seja por sua base industrial sob estas vertentes mineiras, com destaque para a extração de minério de ferro e produção de aço, a química e transformadora.
Além de ser dependente de combustíveis fósseis da Rússia, a Ucrânia apresenta uma posição geoestratégica na Europa Oriental em função do escoamento do gás natural e do petróleo russo através de gasodutos e oleodutos em seu território.
Na verdade, o governo russo não se vê seguro em relação à Ucrânia, seja por sua população dividida, seja pela ameaça desta ingressar na OTAN ou na União Europeia, seja por toda a importância geopolítica e econômica do seu território em relação à Rússia.
Fontes de Consulta
. BERMÚDEZ, Ángel. 3 fatores que explicam por que Ucrânia é tão importante para Rússia, 2022 - BBC News Mundo
. Exército da Ucrânia está em “alerta total” para possível invasão russa – IstoÉ
. FERNANDES, Jorge Almeida. Ucrânia: as três dimensões do conflito, 2014 - Público
. Material Didático particular
. Mapas e Gráficos para compreender a crise da Ucrânia – Esquerda Diário
. MONTAG, Santiago. Fatores para entender o conflito na Ucrânia – Esquerda Diário
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