domingo, 27 de fevereiro de 2022

Rússia x Ucrânia: A Guerra entre as Forças Russas e a Resistência Ucraniana

 

Soldados ucranianos em Kiev procurando bombas não detonadas
Fonte: G1
Foto: Sergei Supinsky/AFP


“Quando nos atacarem, verão as nossas caras, 

e não as nossas costas”

(Declaração do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, mediante a iminente invasão russa

A invasão das tropas militares russas ao território ucraniano começou na 5ª feira passada (24/02) e, embora já fosse algo esperado, pegou muita gente de surpresa, como eu, que acordei com esta triste notícia.  

Eu tinha esperanças que Vladimir Putin abdicasse deste intento mediante as pressões internacionais. Mas, este se mostrou irredutível em seu propósito, inclusive, contradizendo suas palavras negacionistas em relação esta possibilidade de concretizá-lo...  

Mesmo tendo disposto mais de 150 mil soldados nas fronteiras entre os dois países, Putin sempre negou a sua real intenção de invadir a Ucrânia. Em seu discurso, ele propagava que as nações ocidentais é que estariam espalhando “propaganda de guerra” ao afirmar que a Rússia estava se organizando para invadir o território da Ucrânia.  

Pois bem, no dia 24 de fevereiro, a máscara caiu e as reais intenções de Putin vieram à tona, quando as tropas militares russas invadiram o país, não respeitando a soberania do governo ucraniano sobre o seu território e, também, a sua população. 

Nestes quatro dias de ataques ao território ucraniano, centenas de mísseis foram disparados contra alvos militares e civis no país. Bases militares ucranianas foram destruídas com os bombardeios, além de residências, escolas e outras edificações. 

As tropas militares russas adentraram por várias regiões do país, avançando e atacando o território ucraniano tanto por terra quanto por mar e pelo espaço aéreo.

Na madrugada de ontem (26/02), sábado, as tropas militares russas atacaram o centro de Kiev, capital da Ucrânia. Contudo, a resistência e a ofensiva ucraniana foram fortes, estimuladas sempre pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelenskiy, que antes da chegada dos soldados à capital, declarou:  

"Não podemos perder a capital.

Falo com nossos defensores, 

homens e mulheres em todas as frentes:

hoje à noite, o inimigo vai usar

 todas as suas forças

para romper nossas defesas da maneira

mais vil, dura e desumana"

(Folha)

Resistência e luta foram e estão sendo as palavras de ordem à população ucraniana. Sob esta direção quanto à defesa do país, o presidente Zelenskiy orientou os moradores da capital (cerca de 3 milhões de habitantes) a lançar coquetéis molotov contra os soldados russos, cuja confecção do artefato foi ensinada em vídeos. Além dos coquetéis molotov, armas foram distribuídas, como fuzis, foram entregues aos civis.

Carros queimam na capital ucraniana (Kiev)
Fonte: G1
Foto: 
Emilio Morenatti/AP


Bombardeio nos arredores de Kiev, capital da Ucrânia
Fonte: G1
Foto: Mykhailo Markiv/Reuters


Prédios residenciais destruídos em um subúrbio da capital ucraniana
Fonte: G1
Foto: Genya Savilov/AFP 


Embora, alguns não tenham acreditado em sua capacidade e seu poder de persuasão, o presidente ucraniano tem se mostrado forte e seguro em sua posição, permanecendo na capital da Ucrânia (Kiev), principal alvo de Vladimir Putin.

A todo momento, ele faz pronunciamento convocando a população ucraniana, principalmente, adulta e masculina a se armar e lutar em nome da pátria. Ele proibiu a saída do país de ucranianos, entre 18 a 60 anos, assim como vem incentivando o retorno daqueles que migraram para atender os mesmos fins, isto é, lutar contra as tropas russas e defender a Ucrânia.  

Presidente ucraniano, 
Fonte: G1
Foto: Ukrainian Presidential Press Office via AP

Países como a Alemanha, a França e o Reino Unido se prontificaram e anunciaram, ontem (sábado), que vão enviar armas para ajudar o governo da Ucrânia se defender da invasão russa.  

O governo alemão prometeu enviar, "o mais rápido possível", mil lançadores de foguetes antitanque e 500 mísseis terra-ar para a capital ucraniana. 

Assim como a Alemanha, outros países da União Europeia também começaram a entregar armamentos à Ucrânia para ajudar o país na ofensiva contra a Rússia.  

Mesmo sabendo que corre grande risco de morrer se for capturado pelas tropas militares da Rússia, Zelenskiy recusou a ajuda dos EUA para deixar o país. 

Como medida de ajuda e intervenção internacional, os principais líderes mundiais já anunciaram a implementação de pacotes de sanções econômicas e financeiras à Rússia devido à guerra. 

Não vamos permitir que o Presidente Putin derrube a arquitectura de segurança da Europa. Ele não deve subestimar a determinação e a força das nossas democracias. A União Europeia apoia a Ucrânia e a sua população. A Ucrânia vai prevalecer” 

(Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia)

 

Putin desencadeou a guerra no nosso continente europeu” 

(Boris Johnson, Primeiro-Ministro britânico).


 Estamos perplexos, mas não estamos impotentes 

(Annalena Baerbock, ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha). 

Em diversos países do mundo inteiro, múltiplos protestos têm ocorrido, sobretudo, na Europa. Os mesmos foram verificados no próprio território russo, mas as divergências de opiniões políticas entre as partes (população x governo), em relação à guerra, têm provocado várias detenções de manifestantes pelas autoridades russas.  

Estas manifestações populares no país mostram que a política de Putin não é aceita por toda a população russa.  

Como foi noticiado nas mídias, no primeiro dia da invasão russa na Ucrânia (24/02), as tropas militares tomaram a cidade de Chernobyl, localizada no norte do país e assumiram o controle da antiga Usina Nuclear, a qual sofreu, em 1986, o pior desastre nuclear do mundo.  

De acordo com as estações de monitoramento, divulgado nos principais meios de comunicação, com esta invasão e, principalmente, com o aumento pessoas e de veículos militares pesados circulando, dentro e ao redor da zona de Chernobyl (solo contaminado/poeira radioativa), os níveis de radiação aumentaram cerca de 20 vezes. Mas, segundo a Prof.ª Claire Corkhill, especialista em materiais nucleares da Universidade de Sheffield Corkhill (Época Negócios):

"Desde que não haja mais movimento,

[a radiação] deve diminuir

novamente nos próximos dias."

 

A estratégia de tomada da usina de Chernobyl reside no fato desta estar localizada a cerca de 15 quilômetros da fronteira entre a Ucrânia e Belarus, país este de onde as tropas russas partiram e avançaram sobre o território ucraniano.  Além disso, Chernobyl fica a aproximadamente 130 Km ao norte de Kiev, capital da Ucrânia.  

Para Zelensky, o ataque a Chernobyl significa uma “declaração de guerra contra toda a Europa”.

Como a população da Ucrânia é composta por muitos russos e seus descentes, o presidente Vladimir Putin chegou a pedir, ao Exército ucraniano, a tomada de poder do governo do presidente Volodymyr Zelensky, numa tentativa de incitação a um golpe militar na Ucrânia. O que não surtiu nenhum efeito!  

Na madrugada deste domingo (27/02), as tropas militares russas entraram em Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana, localizada ao Norte do país, onde atacaram e destruíram um gasoduto, provocando uma série de violentas explosões.  

As tropas do Exército russo também cercaram as Kherson e Berdiansk, ambas situadas no Sul do país e possuindo, respectivamente, 290 mil e 110 mil habitantes, segundo o Ministério da Defesa russo.  

Em Vasylkiv, nos arredores da capital (Kiev), o ataque foi em um terminal petrolífero, causando um incêndio de grandes proporções. Os moradores locais foram orientados a não abrir as janelas devido aos riscos da fumaça tóxica.

Alguns especialistas alegam que, sem dúvida nenhuma, o poderio militar e o armamento de guerra da Rússia são bem superiores se comparados aos da Ucrânia. Em razão disso, estes – em reportagem televisiva – consideram prematuro uma avaliação segura acerca dos efeitos da resistência ucraniana ao conflito.    

De acordo com os últimos dados, divulgados ontem (26/02), o número de civis ucranianos mortos, durante os ataques das tropas militares russa no país, subiu para 198 (cento e noventa e oito) pessoas, enquanto o quantitativo de feridos está na ordem de cerca de mil feridos (Correio Braziliense).

 

Mulher ferida após ataque em um conjunto de apartamentos
na cidade de Chuhuiv, Ucrânia

Fonte: G1
Foto: Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via AFP


Moradora ao lado de sua residência após ataque em Kiev
 
Fonte: G1
Foto: Emílio Morenatti/AP



Corpo de soldado morto nos arredores de Kharkiv, Ucrânia
 Fonte: G1
Foto: Vadim Ghirda/AP


Abrigo antiaéreo em Kiev, Ucrânia
Fonte: G1
Foto: Viacheslav Ratynskyi/Reuters


É grande também o número de pessoas que fugiram da Ucrânia, na condição de refugiados. Segundo a Agência da ONU para Refugiados (ANCUR), até a presente data (27/02) foram 358 mil pessoas que deixaram o país por temor à guerra e em busca de uma maior segurança social (Poder 360)

Hoje, uma delegação russa composta por representantes ligados diretamente ao Gabinete de Vladimir Putin e, também, dos Ministérios da Defesa e de Relações Internacionais foi enviada à cidade bielorrussa de Gomel, a fim de iniciar negociações entre as partes em busca de um possível cessar-fogo. 

No entanto, a Rússia afirmou que o governo ucraniano rejeitou a proposta de negociações. O que foi desmentido pelo Assessor da presidência da Ucrânia, o qual alegou, em defesa do posicionamento de seu país, que as condições impostas pela Rússia tornam inviáveis qualquer discussão acerca de um acordo entre ambas as nações.

Três justificativas ucranianas são plausíveis para a negação desta empreitada... 

Primeiro, Belarus (ou Bielorrússia) não é um país neutro, tendo em vista que além de sua relação histórica com a Rússia, a qual apoia e cujos os ataques à Ucrânia partiram do seu território; 

Segundo, a própria Rússia não demonstrou interesse ou suspendeu – temporariamente – o deslocamento de suas tropas militares em território ucraniano; 

Terceiro, em seu discurso na TV, na última 6ª feira (25/02), Putin convocou os militares ucranianos a se unirem à Rússia contra o seu país e, assim, derrubar o seu presidente Volodymyr Zelensky, forçando um Golpe de Estado. 

Zelensky, por sua vez, se encontra aberto à conversação, mas desde que os trâmites não sejam sinuosos, cheios de artifícios capazes de aniquilar a segurança de uma das partes. Portanto, para o governo ucraniano, a cidade bielorrussa de Gomel (Belarus) não é o local ideal para realização da referida conversação.  

No entanto, horas atrás, o presidente Zelensky (Ucrânia) confirmou que, após falar ao telefone com o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, ele aceitou e combinou um novo local para tratar das negociações com a Rússia. O novo local acertado, sem data definida ou, pelo menos, divulgada será um ponto na fronteira entre a Ucrânia e Belarus, mais especificamente, próximo ao rio Pripyat. 

O presidente da Belarus assegurou que, durante o período de deslocamento e do encontro das delegações de ambas as partes (Rússia e Ucrânia), não serão usados aviões, helicópteros e mísseis. 

Será mesmo? Pois os riscos do país também atacar a Ucrânia são bem altos!

Segundo notícias publicadas no Catraca Livre, ainda há pouco, o governo de Belarus lançou mísseis Iskander contra a Ucrânia, neste domingo (27/02).

Esperemos uma mediação sensata e um final não mais doloroso e mortal, que seja capaz de encerrar este capítulo da histórica relação conturbada entre a Rússia e a Ucrânia...


 Fontes de Consulta

Belarus ataca Ucrânia e agrava crise mundial – Catraca Livre

. DANTAS, Miguel Dantas et all. Rússia quer iniciar negociações, Ucrânia rejeita dialogar em território bielorrusso. Forças russas entram em Kharkiv, a segunda maior cidade do país - Público

. GIELOW, Igor. Putin ataca centro de Kiev e enfrenta resistência de forças da Ucrânia - FOLHA 

. GILL, Victoria. Apreendida pelas forças russas, usina nuclear de Chernobyl tem pico de radiação – Época Negócios 

. Guerra na Ucrânia: invasão está saindo como Rússia esperava? – BBC News 

. LIMA, António Saraiva e LORENA, Sofia. Tropas russas atacam várias cidades da Ucrânia - Público 

. MARTINS, Alexandre. Zelenskii, de Presidente improvável a símbolo da resistência na Ucrânia - Público 

. Presidente da Ucrânia diz que delegação do país vai encontrar os russos sem pré-condições – G1 

. Rússia envia delegação a Belarus para negociar com a Ucrânia, que defende local neutro – G1 

. Sobe para 198 número de civis mortos na Ucrânia desde início da invasão russa – Correio Braziliense 

. UE começa a fornecer quantidades 'significativas' de armas à Ucrânia – Correio Braziliense 

. Zelensky diz que ficará em Kiev e não baixará as armas – Poder 360 

. Zelensky debate sobre negociação com presidente de Belarus – Poder 360

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