segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Brasil: Um País à Beira de um Abismo

 

Imagem capturada na Internet e manipulada
no Adobe Photoshop
Fonte: Facebook Luiz Pompeo

A imagem acima foi compartilhada no Facebook postado, originalmente, por Luiz Pompeo e indagava “Seja sincero, se você pudesse enxergar... Vc sairia de casa???”  

Talvez fosse bom as pessoas terem esta noção, pois só assim iria reduzir a elevada quantidade de pessoas nas ruas, as aglomerações em diversos pontos da cidade, o número de pessoas sem máscara facial e desrespeitando o distanciamento social, só para citar alguns problemas em evidência, atualmente, em plena Pandemia da Covid-19.  

A Pandemia Global pôs à prova e revelou que os nossos receios eram justificáveis, tinham fundamentos. E, com base nisso, eu vou confessar...

Sinceramente, eu amo o meu país, mas por causa de maus governantes, que parecem desconhecer a importância de seus respectivos cargos e funções em relação à sua nação, em ambos os sentidos (país e povo), eu sinto vergonha de dizer que sou brasileira, apesar de não compactuar com tais procedimentos e com a nossa atual política.

Imagem capturada do Mapa Interativo  
Universidade John Hopkins 
Manipulado no Adobe Photoshop   

Em consequência disso, o Brasil permanece no ranking dos países com mais casos confirmados da doença (3ª posição, com 6.314.740 casos, atrás dos EUA e da Índia) e de maior número de mortos pela Covid-19 (2ª posição, com 172.833 óbitos, sendo superado apenas pelos EUA), de acordo com os dados de hoje (30/11). 

Do dia 17/11 do mês em curso para hoje (30/11), o número de vítimas fatais por causa da Covid-19 aumentou em 6.819 mortes, passando de 166.014 óbitos (17/11) para 172.833 mortes, hoje (30/11). 

Em termos de números de casos confirmados, 438.276 novos casos foram contabilizados após o último registro que postei neste espaço (5.876.464), totalizando, hoje, em 6.314.740 casos diagnosticados de Covid-19.  

Esse aumento em ambos os registros é muito preocupante, mas – ao que parece – nem para as três instâncias do poder (Federal, Estadual e Municipal) e, nem para uma parcela significativa da população brasileira, isso é motivo de apreensão, pois nada ou quase nada está sendo feito, ao menos para mitigar os seus impactos negativos, evitando uma maior propagação do Novo Coronavírus (SARS-CoV-2) na sociedade.  

Enquanto uns se mostram responsáveis, cumprindo as medidas protetivas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), outros agem como essa pandemia tivesse acabado, em que não há mais riscos nem pra ele mesmo e nem para a coletividade. Ou ainda subestimando a gravidade da Pandemia do Novo Coronavírus, desde o seu início em nosso país...  

A grande questão é que a epidemia não acabou (nunca acabou) e, muito menos, está controlada!   

Minha mobilidade está prejudicada e minha cabeça não para... Como sou do Grupo de Risco (hipertensa e diabética), minha cabeça gira como um redemoinho, os pensamentos ora me submetem a profundos estados de tristeza e temor ora a flashes de esperança e de tranquilidade, mas estes últimos são passageiros.  

O meu termômetro quanto à situação caótica já em curso eram as sirenes de ambulâncias, pois como moro de frente a uma via principal da Grande Tijuca, na capital (Rio de Janeiro) é comum a passagem de ambulâncias durante o dia e à noite. No início da Pandemia, entre abril e maio, mais ou menos, os sons constantes e seguidos das sirenes eram um alerta do seu nível crítico.  

Até há pouco tempo houve uma redução significativa, mas ultimamente, elas voltaram a ecoar em nossos ouvidos, o que significa um novo agravamento mediante ao aumento de casos de infecção. 

Nada na mesma intensidade do que foi anteriormente, mas, muito triste essa constatação de retorno do som das sirenes...  

Eu não consigo conceber que as nossas autoridades máximas nas três instâncias do poder, não pensem na população, não valorizem a vida e não sejam suficientemente responsáveis por estarem no comando, respectivamente, de um país, de um estado e de um município.  

Ora o total descaso, ora o afrouxamento do isolamento social, com a liberação de várias atividades e estabelecimentos devido à proximidade das eleições municipais e outras medidas irresponsáveis só contribuem para aumentar as estatísticas dos casos desta Pandemia.  

A volta às aulas presenciais na rede municipal do Rio de Janeiro também não deveria ter sido autorizada, pelo menos, agora. Há um grande o número de unidades escolares que se encontram fechadas, neste momento, por conta de casos de Covid-19.  

São diversos diretores, professores e funcionários doentes após o retorno. Alguns óbitos foram até divulgados nas redes sociais, mas em menor número e eu, também, não arriscaria fornecer essa informação mediante uma fonte nada oficial. Era uma coisa óbvia e, tanto era, que a adesão dos alunos está baixa.

Culpar somente a população, eu não poderia, mas que esta tem sua parcela de culpa, ela tem! Não resta dúvida!  

Circular pelas ruas sem máscaras ou, quando as têm, usam de forma incorreta; promover festas e, consequentemente, aglomerações; formar outros tantas em bares, por exemplo, os tornam tão responsáveis quanto aos governantes que liberaram certas atividades e estabelecimentos comerciais e culturais sem planejamento adequado, sem fiscalização efetiva ou, de antemão, de um prognóstico da situação a se configurar mediante à liberação.   

Ontem mesmo, quando fui votar na Zona da Leopoldina (Bonsucesso, Ramos, Olaria e Penha), as pessoas andavam nas ruas sem máscara, como se a Pandemia fosse algo do passado. Idosos, adultos, adolescentes e crianças, todas as faixas etárias... Um absurdo!  

Na verdade, a culpa é do governo e desta parcela específica da população que encara a conjuntura atual sem a devida importância. E isso me revolta! Essa falta de conscientização e de pensar na coletividade, sem levar em consideração a pessoa mesmo.  

Será que estou errada? Estarei sendo exagerada na minha avaliação? Não creio! Tudo errado e, por isso, estamos nesta situação!  

Outra coisa que me revolta muito...  

Tudo em nosso país “cheira” e se faz sob um esquema de corrupção. Sob uma conjuntura de Pandemia Global, não seria diferente, ainda mais que demanda muitas obras, contratações, compra de equipamentos e outros insumos no tratamento propriamente dito e preventivo.  

O nosso país tirou de letra essa façanha! Além disso, em plena Pandemia Global tivemos, concomitantemente, crise política e crise na Saúde...  

A nível federal, o embate acirrado entre os discursos do nosso presidente e do Ministério da Saúde acarretou a saída de dois Ministros da referida Pasta. O primeiro, Luiz Henrique Mandetta (01/01/2019 a 16/04/2020), que foi demitido (ele concordava com as orientações da OMS, que não eram totalmente aceitas pelo presidente).  

O segundo foi Nelson Teich (17/04/2020 a 15/05/2020), que ficou no cargo quase um mês e pediu exoneração, por discordar e sofrer muita pressão do presidente para o uso da Cloroquina em pacientes diagnosticados com Covid-19 (não há comprovação cientifica da eficácia da Cloroquina contra o Coronavírus).  

O terceiro Ministro da referida Pasta foi o Eduardo Pazuello que assumiu, inicialmente, de forma interina (15/05/2020), tomando posse oficial em 16 de setembro, permanecendo até hoje. 

No entanto, segundo as mídias, as relações do referido Ministro com o Governo Federal também parecem estar estremecidas, por conta da existência de testes para diagnóstico da Covid-19, armazenados pelo Ministério da Saúde, em São Paulo, prestes a perder a validade (estoque com 6,86 de testes com validade até janeiro de 2021). 

Além disso, a política de tratamento e de prevenção do Governo Federal sempre provocou polêmicas, adotando medidas sem acolhimento da comunidade científica nacional e internacional, assim como da Organização Mundial da Saúde. Até hoje, a postura do presidente é muito mal vista pela maioria dos Chefes de Estado do mundo.  

Como é de conhecimento de todos que acompanham as notícias da imprensa, o nosso presidente sempre subestimou a Covid-19, criando muitas polêmicas em suas falas a respeito da pandemia, tendo negado, inclusive, uma delas recentemente.  

"(...) não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar (...)" e, ainda, sob este mesmo contexto,  

“(...) quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho.”  

"deixar de ser um país de maricas. 

Lamento os mortos (...), mas todos nós vamos morrer um dia (...).”  

"Tudo agora é pandemia.

Imagem capturada na Internet
Fonte: Blog do AFTM 

Além da divulgação do estoque grande de testes para diagnóstico da Covid-19 do Ministério da Saúde, em São Paulo, com data de validade a expirar no início do novo ano (2021), a suspensão e atraso de pagamento de salário dos funcionários da área de Saúde (terceirizados ou não), sobretudo, em alguns estados e municípios brasileiros, outros problemas também graves marcaram e, ainda, marcam esse período de Pandemia da Covid-19 em outras instâncias...  

A nível estadual (Rio de Janeiro), mais vergonha! Crises políticas e na Saúde, também! Esquemas de corrupção na área da Saúde associados a compras fraudulentas e superfaturadas de equipamentos (respiradores) e outros insumos no combate à Pandemia da Covid-19. Em face a estas acusações, o Secretário de Saúde Edmar Santos foi exonerado do cargo em 18 de maio e, em julho foi preso, após denúncias de comandar essas fraudes em contratos para equipar a infraestrutura dos Hospitais de Campanha. Ele foi solto no dia 06 de agosto.  

O segundo Secretário a assumir o cargo foi Fernando Ferry. Ele e sua equipe técnica apresentaram um estudo afirmando que os cinco Hospitais de Campanha que ainda estavam em obras, não deveriam abrir, não sendo necessária a abertura deles. Dos sete hospitais prometidos, só o do Maracanã e o de São Gonçalo foram entregues, mas ambos foram fechados, posteriormente mediante a crise na Saúde.  

Em 22 de junho do ano em curso, Fernando Ferry pediu demissão sem declarar uma justificativa plausível. Rumores cercavam tanto a questão dos esquemas de fraudes e superfaturamento de contratos quanto a uma antecipação de sua saída mediante a forte probabilidade de sua demissão pelo então Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. 

O terceiro Secretário, Alex da Silva Bousquet, foi indicado pelo governador do Rio e assumiu o cargo no dia 23 de junho.  

Em junho foi instaurado o processo de impeachment do governador Wilson Witzel, na ALERJ, por suspeita de superfaturamento e atraso na construção dos Hospitais de Campanha. E, ainda, a rejeição das contas do estado ano de 2019 pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). O governador, desde então, se encontra afastado do Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro.  

Em meados de meados de setembro, Alex Bousquet entregou o cargo ao governador em exercício, Cláudio Castro, que havia assumido o cargo no final de agosto (28/08), tendo em vista que o Wilson Witzel se encontrava (e ainda se encontra) afastado. A saída de Alex Bousquet da Secretaria da Saúde já era esperada em razão do afastamento do governador Witzel, que havia o indicado para o cargo.  

Com as denúncias de esquemas de corrupção, envolvendo o Governador Wilson Witzel, o ex-Secretário Edmar Santos e outros com o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (IABAS), Organização responsável pelas obras e administração dos Hospitais de Campanha, fez com que houvesse a interrupção das obras e o fechamento de algumas Unidades, após o fim do contrato com a referida Organização (IABAS).   

Como mencionei, anteriormente, dos sete hospitais de Campanha planejados, só o do Maracanã e o de São Gonçalo permaneceram, mas ambos foram fechados, posteriormente, mediante esta crise na Saúde do Estado. 

 

Hospital de Campanha do Maracanã
Imagem capturada na Internet

Isso, em plena Pandemia da Covid-19... É algo surreal se levarmos em conta a seriedade e fragilidade da conjuntura atual e as circunstâncias que levaram a isso...  

Nem mesmo os projetos dos Hospitais de Campanha deram continuidade, mesmo sob a coordenação de outra empresa... O único a continuar foi o Novo Coronavírus, que prosseguiu fazendo novas vítimas, aumentando os números tanto de casos novos confirmados quanto de óbitos novos.  

No dia 25 de setembro, o quarto Secretário Estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves foi nomeado pelo governador em exercício, Cláudio Castro. De acordo com fontes de pesquisa, após alguns dias, o referido secretário estadual exonerou seis auditores do estado, nomeados na Subsecretaria de Controladoria Geral da Secretaria de Saúde, principal órgão responsável pela fiscalização interna de gastos realizados pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Tal medida causou preocupação. 

Não quero com isso levantar mais polêmicas, mas estes fatos estão aí, publicados nas mídias e só expõem o quanto a política é usada para proveito próprio, para enriquecimento e desvio de recursos.  

E isso não é de hoje! É de longa data, basta lembrarmos de quantos governadores do Estado foram presos ou afastados do cargo ao longo dos anos (Poder 360): 

- O ex-governador Moreira Franco (1987 a 1991), foi preso em março do ano passado, em um desdobramento da Operação Lava Jato (acusado de negociar pagamento de propina). Passou 4 noites na cadeia e responde ao processo em liberdade; 

- A ex-governadora Rosinha Garotinho (2003 e 2006), que foi presa, por uma semana, em novembro de 2017 junto com o marido. Foi condenada em janeiro de 2020, recorreu e, hoje, responde ao processo em liberdade; 

- O ex-governador Anthony Garotinho, (1999 e 2002), esposo de Rosinha Garotinho, foi preso 5 vezes desde que deixou o cargo (acusado por crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais). Hoje, ele responde aos respectivos processos em liberdade;

- ex-governador Sérgio Cabral (2007 a 2014), foi preso em junho de 2017 e condenado em 11 ações da Lava Jato. Sua pena total é de 233 anos e 11 meses de prisão. Atualmente, cumpri a pena no Complexo Penitenciário de Gericinó (Zona Oeste da cidade do Rio);

- O ex-governador Luiz Fernando Pezão (2014 a 2018), que foi preso, em novembro de 2018, sob a acusação de abuso de poder político e econômico (concedeu benefícios financeiros a empresas em troca de doações para a sua campanha eleitoral). 

Agora, com o resultado do 2° Turno das Eleições Municipais, ocorrido ontem (29/11), corremos o riscos de ter, a partir do dia 1° de janeiro de 2021, um prefeito também preso a qualquer momento, durante ou após os 4 anos de sua gestão, uma vez que Eduardo Paes (DEM), vencedor no pleito eleitoral, enfrenta problemas judiciais 

Ele foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. De acordo com as denúncias existentes, ele teria recebido dinheiro (na casa de milhões) da empreiteira Odebrecht 

Aonde iremos parar? Eu não sei!  

Governar para e pelo o povo é muito difícil, ainda mais quando se intenta tirar proveito do cargo que se ocupa em benefício de si mesmo! 

Este é o nosso país! Com certeza, ele não é o único no mundo, mas tenho que considerar e falar pelo meu, pelo nosso país.  

O problema não é só este... O pior disso tudo é que a contaminação pelo Novo Coronavírus continua, os números de casos confirmados e de óbitos pela Covid-19 vêm aumentando assustadoramente, os hospitais públicos e privados já indicam isso, pois estão lotados. São poucas as vagas de leitos nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). Muitos pacientes aguardam na fila, com registro de alguns chegarem a óbito antes de serem internados. Um absurdo! 

Voltamos ao início do pico da Pandemia em nosso país, quando várias medidas restritivas foram tomadas: quarentena, isolamento social, fechamento de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços (com exceção dos essenciais).  

O pior é não ver saída, pois infelizmente não acreditamos em mais nada, nem na política brasileira e nem nos políticos.

Daí eu afirmar, no início, que tenho vergonha de dizer que sou brasileira.  


Fontes de Consulta  

. ALVES, Altair. Alex Bousquet vai entregar o cargo de secretário estadual de Saúde do RJ - diário do Rio.com  

. Após escândalos de corrupção, governo do RJ fecha mais três hospitais de campanha – Brasil de Fato  

. Brasil tem 6,8 milhões de testes de Covid-19 prestes a vencer em depósito, diz jornal. G1 Política  

. CORRÊA, Douglas. Alex Bousquet deixa secretaria de Saúde do Rio – Agência Brasil  

. Coronavírus: 'país de maricas' e outras 8 frases de Bolsonaro sobre pandemia que matou 162 mil pessoas no Brasil - BBC News  

. CRISTINE, Marjoriê e FURTADO, Tatiana. Crise na Saúde do Rio: delação premiada, corrupção e processo de impeachment; confira a linha do tempo - EXTRA  

. GOMES, Pedro Henrique. Brasil tem de deixar de ser 'país de maricas' e enfrentar pandemia 'de peito aberto', diz Bolsonaro – G1 Política  

. LIMA, Rafaela. Dança das cadeiras: em 10 anos, Brasil trocou 10 vezes de ministro da Saúde – Metrópoles  

. Mapa Interativo – Centro para Sistema de Ciência e Engenharia (CSSE) da Universidade Johns Hopkins  

. MONTEIRO, Tânia e VARGAS, Mateus Vargas. Pazuello se queixa e diz que, se sair da Saúde, sairá feliz – Terra/Notícias  

. SABÓIA, Gabriel. MP acusa Paes de receber R$ 10 mi em caixa dois da Odebrecht. UOL/Notícias 

. VENTURA, Larissa. Hospital de Campanha do Maracanã já está sendo desmontado – diário do Rio.com  

. 2 momentos em que Bolsonaro chamou covid-19 de 'gripezinha', o que agora nega – BBC News  

. 6 governadores do Rio foram afastados ou presos nos últimos 4 anos – Poder 360 

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